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18/09/2018

Procura por imóvel cresce, mas preço continua estável

O plano de comprar um imóvel ficou mais real, mostram estudos do setor.

O plano de comprar um imóvel ficou mais real, mostram estudos do setor. Taxas de financiamento mais baixas e variedade de ofertas a preços estáveis fazem deste um momento oportuno para quem quer fechar negócio.

As vendas no país subiram 32,1% de abril a junho, comparadas ao mesmo período de 2017, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Na região metropolitana de São Paulo, o maior mercado imobiliário do Brasil, o incremento foi de 64,5% entre os meses de junho de 2017 e de 2018.

Aumentou também o número de novos projetos anunciados pelas construtoras: 19,9% no segundo trimestre, em relação ao mesmo período do ano anterior.

O aumento na procura, no entanto, ainda não teve impacto sobre os preços dos imóveis, que continuam similares aos de quatro anos atrás.

"Os preços estão atraentes para compra por conta da vontade reprimida do consumo, aliada à estagnação dos preços durante o período de crise", analisa Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).

A expectativa do setor é que as vendas ganhem mais fôlego no próximo ano, com a entrada em vigor das medidas anunciadas pelo governo para fomentar o financiamento imobiliário, como a elevação do teto do valor do imóvel financiado pelo FGTS de R$ 950 mil para R$ 1,5 milhão.

"A consequência desse aumento de vendas, para os consumidores que adiarem a compra ou a troca de imóvel, será um mercado mais pressionado. Os preços dos imóveis deve subir em um ou dois anos", diz Flávio Prando, vice-presidente de Intermediação Imobiliária do Secovi-SP.

A construtora Eztec é uma das que se preparam para a alta das vendas. Neste semestre, ela lançará seis projetos na capital paulista. Na primeira metade do ano, a empresa anunciou um único empreendimento na cidade.

"Estamos na mesma situação da crise de 2008. Depois de um tempo, as coisas se resolveram, e as pessoas se animaram a consumir de novo, o que fez com que os preços subissem", afirma Emilio Fugazza, diretor financeiro da Eztec.

Outro fator que pode contribuir para o encarecimento dos imóveis, especialmente em São Paulo, é a escassez de opções em bairros de classe média e média alta.

"A oferta de imóveis em bairros consolidados, perto de metrô e de alto padrão, é cada vez menor e mais rara. São oportunidades que talvez não existam mais num futuro próximo", diz Lucas Araujo, gerente de marketing da Trisul.

A construtora planeja lançar de 8 a 10 empreendimentos no ano, 70% deles classificados como de médio e alto padrão e localizados na cidade de São Paulo.

Os outros 30% são de perfil econômico, dentro do programa Minha Casa Minha Vida.

Além de encarar o momento atual como uma chance de vender mais, as empresas do mercado aproveitam também para adequar os seus produtos às novas necessidades do público consumidor.

Se no passado recente a vaga de garagem era um diferencial na hora de vender um imóvel, hoje a tendência é a busca por imóveis de fácil acesso ao transporte público -para quem não tem carro ou não usa o veículo frequentemente.

Opções de lazer e serviços dentro do empreendimento e valor de condomínio baixo são outros destaques.

"Pela primeira vez, teremos um lançamento sem vaga de garagem e com imóveis de tamanhos diversos, entre 22 e 90 metros quadrados, dentro do mesmo edifício", conta Thiago Setin, sócio-diretor da incorporadora S.Quatro. O empreendimento, localizado no centro de São Paulo, tem previsão de lançamento para o primeiro trimestre de 2019.

Na mesma época, a construtora deve lançar um prédio na Vila Prudente, na zona leste, com apartamentos de dois e três dormitórios.

Os novos edifícios da incorporadora vão oferecer a possibilidade de portaria virtual, o que pode reduzir em cerca de 30% o valor do condomínio.

"Deixaremos isso como uma opção para os compradores decidirem em assembleia, mas é mais simples implantar essa alternativa no projeto ainda em construção, como fizemos", afirma Setin.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO