O setor imobiliário viverá um ano desafiador em 2022, diante de condições macroeconômicas menos favoráveis do que as que impulsionaram o mercado no biênio 2020-2021. “Mas será mais um momento de superação, de colocar, no mercado, o que a população demanda: habitação de qualidade, cabendo no bolso do consumidor”, diz Rodrigo Luna, que tomará posse como presidente do Secovi-SP, em 1º de fevereiro de 2022, para um mandato de dois anos. “O consumidor busca o que cabe em seu orçamento e na capacidade de renda. Sempre há a tampa da panela”, acrescenta Luna.
O momento não é para otimismo, segundo ele, mas para se ter postura “pé no chão”. Depois dos recordes de lançamentos e vendas de imóveis residenciais na cidade de São Paulo - maior mercado imobiliário do país -, neste ano, o presidente eleito do Secovi-SP diz esperar estabilidade para 2022. “Haverá uma readequação à realidade. Já tivemos juros nas faixas atuais em outros momentos”, afirma Luna.
O Secovi-SP estima que os lançamentos de imóveis residenciais somarão entre 70 mil e 75 mil unidades, em 2021, e que as vendas ficarão na faixa de 60 mil a 65 mil unidades. Se as projeções da entidade forem confirmadas, o volume lançado terá crescimento de 17% a 25%, e o comercializado, alta de 17% a 26%.
Desde 2020, há a dificuldade adicional da pandemia de covid-19, mas o setor vem passando por muita “superação”. “Mais do que nunca, a tese da habitação foi provada. Ouvimos o tempo todo: ‘fique em casa’. As pessoas querem ter sua casa, e as que já tinham buscaram requalificar o ambiente de moradia”, diz Luna.
No entendimento do presidente eleito do Secovi-SP, a atuação no setor imobiliário é sempre desafiadora. “Fazemos um produto de longo prazo em um país no qual ainda não conseguimos estabilidade de uma década em termos econômicos e de crescimento”, destaca Luna. Ele espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 4,5%, em 2021, e fique estável no próximo ano.
Um dos desafios enfrentados por incorporadoras e construtoras, desde o segundo semestre do ano passado, é a pressão de custos de materiais, decorrente do desarranjo da cadeia internacional de insumos e do forte crescimento da demanda interna a partir de meados de 2020. “O pior já ficou pra trás em termos de pandemia. O mundo caminha para reequilibrar oferta e demanda cadeia de insumos”, avalia o presidente eleito.
Por outro lado, ressalta, o ano de 2022 será “bastante agitado em relação às eleições”. “Teremos um encaminhamento do que será o novo Brasil”, afirma. Ele cita que, embora algumas reformas já tenham ocorrido, “não houve condições para a aprovação da administrativa”. “O ano será bastante agitado com a corrida eleitoral para presidente e governadores. Será um momento mais duro, mas o setor imobiliário tem como realidade um déficit habitacional muito grande e o interesse da sociedade em relação à casa própria”, diz Luna. Na produção para a baixa renda, os consumidores buscarão faixas de preços de produtos em que consigam adequar sua renda. “Com o incremento da inflação e o aumento de preços dos imóveis, se faz necessário equalizar essas questões no bolso do consumidor”, diz Luna. É preciso também, na sua avaliação, haver ajuste na curva subsídios do Casa Verde e Amarela para recuperação de parte das vendas desenquadradas do programa habitacional.
Com o aumento dos juros, o financiamento para a compra de imóveis destinados às classes média e alta está mais caro, mas o presidente eleito do Secovi-SP avalia que a situação será temporária.
Engenheiro civil formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1992, Luna conta que nasceu “dentro de um plantão de vendas”. Filho de Raul Luna, responsável por trazer a antiga Gomes de Almeida Fernandes (atual Gafisa) para São Paulo, o presidente eleito do Secovi-SP começou sua carreira em obras da Company, empresa que, mais tarde, se fundiria à Brascan, dando origem à Brookfield Incorporações, atual Tegra.
Em 1997, Luna fundou a Plano&Plano, que passou a contar com a Cyrela como sócia em 2007. No ano passado, a Plano&Plano abriu capital.
O presidente eleito substituirá Basilio Jafet à frente do Secovi-SP. Quando Flavio Amary deixou a presidência da entidade, em 2019, para ocupar a secretaria estadual de Habitação, Jafet assumiu o Secovi-SP como presidente interino. Em seguida, foi eleito presidente da entidade.