Estudo aponta que 67% dos lares brasileiros estão endividados, e esse número sobe para 69% se considerarmos somente as classes C e DE. É o que revela o levantamento Domestic View, da Kantar, que apresenta um levantamento bastante completo sobre as despesas que estão impactando o bolso durante a pandemia, incluindo alimentação, moradia, serviços públicos, higiene pessoal e limpeza. O consumo de alimentos e bebidas dentro do lar, higiene e limpeza caseira representaram quase 60% dos gastos nas classes DE em 2020, enquanto despesas fixas, como habitação, serviços públicos e com animais, ficaram concentradas nas classes AB.
As classes DE foram mais impactadas com gastos com habitação, passando de 18% em 2019 para 22% em 2020, e no setor de alimentação aumentaram o consumo de frutas, legumes e verduras, igualando esses gastos aos das classes AB.
Ainda no setor de habitação, o estudo aponta um importante movimento da classe DE migrando do aluguel para o financiamento, passando de 5% dos gastos em 2019 para 12% em 2020, reflexo de juros baixos e taxas atrativas para aquisição de moradia própria ou para investimento, que levaram a um aumento do mercado de financiamento imobiliário em 2020. Enquanto isso, as classes AB diminuíram gastos com empregada doméstica (-3 p.p. em relação a 2019) e com manutenção/ reforma (-8 p.p.).
O aluguel de imóveis representou ¼ dos gastos de quase 17% das famílias no ano passado, principalmente das classes CDE. Os lares das classes AB e DE que pagam aluguel diminuíram gastos com alimentação e priorizaram outras cestas de consumo, como bebida alcoólica e artigos de limpeza nas classes AB, e higiene pessoal e FLV (frutas, legumes e verduras) nas classes DE. A classe C foi a única que manteve os gastos com alimentação, mesmo pagando aluguel, com destaque para doces, salgadinhos e pratos prontos congelados.
Entre os gastos com serviços públicos, energia elétrica foi o que mais pesou no bolso do brasileiro durante 2020. As classes mais baixas foram as mais afetadas, chegando a uma variação de 30% em relação a 2019.
O estudo entrevistou virtualmente 5.779 lares no final de 2020. A amostra representa 57 milhões de lares brasileiros.
Já o Índice Meu Crediário apontou que a inadimplência do crediário no varejo de moda continua em níveis baixos e recuou 6,3% em abril comparado ao mês de março. A pesquisa mediu os níveis de inadimplência junto a cerca de 200 redes varejistas do país e leva em consideração parcelas com atraso acima de 90 dias – período em que um cliente é considerado inadimplente pelos órgãos de proteção de crédito.
O levantamento também constatou que a mediana de parcelas vencidas (com 60 dias de atraso) apresentou uma queda de 0,32 ponto percentual no último trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano anterior. Enquanto, o índice geral foi de 6,48% em 2019, no ano passado a média fechou em 6,14%.