Entra ano, sai ano, e uma das demandas de consumo mais sólidas no mercado é a da casa própria. Claro que, se dependesse apenas do desejo, dificilmente os índices de compra de imóveis cairiam. Mas a associação do valor desse tipo investimento com a premissa da moradia como uma necessidade básica é poderosa. A ponto de, mesmo com a crise, 31% dos brasileiros de classes média e alta estão atrás de uma casa nova, seja para investimento, aumentar o patrimônio ou simplesmente para sair do aluguel.
Os dados, do levantamento feito pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) com a Brain Inteligência Estratégica, sinalizam uma demanda estável. Na contramão de um mercado ameaçado pelo patamar elevado das taxas de juros - que encarecem o financiamento - e pela corrosão do poder aquisitivo com a alta da inflação, o setor espera seguir em 2023 no ritmo de retomada, mesmo que lenta e gradual.
Apesar do interesse de quase um terço dos entrevistados, o sonho da casa própria está mesmo próximo para apenas 11% desses brasileiros, que já puseram em prática as buscas por imóvel. O principal motivo que sustenta essa demanda, apontado por 33% das pessoas, é sair do aluguel.
O IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), conhecido como a "inflação do aluguel", está acumulado em 5,90% nos últimos 12 meses até novembro. Isoladamente, pode parecer pouco, mas o índice já vem de dois anos de alta mordaz: 23,14% em 2020, e 17,79% em 2021. Então, para aqueles em um patamar de renda mais elevado (caso dos entrevistados pelo estudo), o investimento faz sentido, mesmo com a taxa básica de juro em 13,75% ao ano, o que influencia diretamente as taxas cobradas pelos financiamentos imobiliários.
Entre as razões apontadas pelos entrevistados para a compra de um imóvel, aparecem ainda os desejos de:
•mudar para uma residência maior (20%);
•morar sozinho (10%);
•mudar de região/localização (7%)
•ter um novo lar em função de um casamento (7%);
•morar em um imóvel mais novo (7%)
•e outros motivos (16%).
Para o presidente da ABRAINC, Luiz França, os números da pesquisa baseiam uma projeção otimista para o mercado imobiliário brasileiro. “Temos um déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias e necessidades para 11,5 milhões de moradias para os próximos dez anos. Estes números não deixam dúvidas de que este setor deve continuar crescendo”, disse no webinar de apresentação do estudo.
A pesquisa foi realizada ao longo do mês de novembro de 2022 e ouviu 1.200 pessoas de todas as regiões do Brasil com perfil de renda maior que R$ 3 mil. Pela estratificação do IBGE, famílias com renda superior a R$ 2,9 mil são consideradas classe C. Acima de R$ 7,1 mil, classe B; e ultrapassando R$ 22 mil de renda mensal, classe A.
Matéria pubicada em 06/12/2022)