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17/05/2017

Queda de juro incomoda investidores de papéis bancários atrelados ao CDI

Os especialistas reforçam que ao contrário do que os investidores tem como ideia, os títulos bancários apresentam, agora, retorno real melhor do que o observado em época de taxa Selic "estratosférica".

As consequentes quedas na taxa básica de juros (Selic) têm incomodado investidores de letras de crédito e de certificados de depósito bancário que, atrelados ao CDI, terão rentabilidade menor ao longo deste ano. Nesse cenário, outras aplicações podem se destacar.

Na lógica de acompanhar a quinta queda consecutiva da Selic - atualmente em 11,25% e com expectativa de atingir 8,5% até o final deste ano -, a projeção para a rentabilidade dos títulos bancários de renda fixa continua retraindo.

O cenário, porém, foge da realidade de 2015 (onde o ganho líquido girava em torno de 1% ao mês com a Selic a 14,25%) e têm perturbado investidores que encontravam nesses ativos bons retornos com baixos graus de risco.

Atualmente, a rentabilidade média das letras de crédito imobiliário (LCIs) e letras de crédito do agronegócio (LCAs) vão de 90% a 92% do certificado de depósito interfinanceiro (CDI) - taxa referencial do mercado -, enquanto os certificados de depósitos bancários (CDBs) variam entre 108% a 110% da taxa do CDI.

De acordo com o sócio diretor da Easynvest, Marcio Cardoso, os investidores estão "mal acostumados" com os ganhos do passado e, no ambiente em que a economia se direciona, a "curva já está dada".

"Não existe algo que rentabilize nessa proporção. Mesmo que a taxa de juros alcance os 8,5% no final do ano, ainda assim será uma taxa elevada. Apesar de as reformas apresentadas ainda apresentarem algum grau de incerteza, o movimento já está dado. A Selic vai cair, e a rentabilidade dos títulos vai acompanhar", explica o executivo da Easynvest.

Os especialistas reforçam que ao contrário do que os investidores tem como ideia, os títulos bancários apresentam, agora, retorno real melhor do que o observado em época de taxa Selic "estratosférica".

"Não necessariamente quando a taxa de juros está alta, os investimentos são bons. O importante a ser analisado é o ganho real que, atualmente, está maior do que antes", comenta o analista-chefe da Rico Corretora, Roberto Indech.

Os especialistas entrevistados pelo DCI explicam que a rentabilidade real resulta dos juros menos a inflação no período. Nesse caso, enquanto a Selic estava em 14,25%, a inflação do País girava em torno de 10%, o que proporcionava cerca de 3% do ganho real. Atualmente, com a taxa básica de juros a 11,25% e IPCA a 4,41%, o ganho real passa dos 4%.

"Com o indicador atrelado ao CDI, ainda que a Selic feche o ano em 8,5% e a inflação em 4,5%, o ganho real ainda será 4%. É importante acompanhar o movimento da taxa, mas a análise é um pouco mais complexa", avalia o gerente de investimentos da Concórdia Corretora, Mauro Mattes.

Alternativas - Da outra ponta, se o foco for rentabilidade e o perfil do investidor for mais "moderado", outras possibilidades devem se destacar no mercado.

Segundo a consultora de investimentos da Órama Corretora, Sandra Blanco, os principais ativos que tendem a alavancar o mercado são os fundos multimercados, os fundos de ações e até mesmo os certificados de operações estruturadas (COE).

"A taxa de referência está em outro patamar e, apesar de as LCIs, LCAs e CDBs continuarem a ser bons investimentos, os mais arrojados tendem a adotar cerca de 20% a 30% da carteira nesses outros ativos, compensando a rentabilidade com o grau de risco", avalia.

"O investidor precisa tirar da cabeça que LCI, LCA e CDB não são um bom negócio, mas talvez com esses outros investimentos, o aplicador consiga adquirir um conhecimento maior dos seus limites e possa diversificar a carteira conforme seus recursos e possibilidades para equilibrar melhor sua rentabilidade", pondera Marcio Cardoso, da Easynvest.

Para Mattes, da Concórdia, porém, a análise de perfil e da tolerância ao risco são essenciais na hora de diversificação da carteira. "Quanto maior o retorno, maior o risco. A realidade é que é preciso se adaptar, porque ninguém faz mágica", conclui o executivo. 

FONTE: DCI