Quem está pagando financiamento de imóvel tem olhado com mais atenção a possibilidade de migrar o contrato para outro banco. A portabilidade passou a ser mais interessante porque os juros caíram.
Morando com os pais, o engenheiro mecânico Daniel Fonseca foi juntando dinheiro para a primeira grande conquista. “O primeiro passo para começar a trilhar a minha independência”, conta.
Daniel financiou um apartamento em 2018, juros de 9,8% ao ano. Com as taxas caindo agora, resolveu transferir o financiamento para outro banco, com juros menores, de 7,99%. A parcela mensal vai cair de R$ 1.920 para R$ 1.710. Uma economia de R$ 43 mil ao fim do contrato de 30 anos.
“Você já sente essa redução nas parcelas, e isso eu consigo estar tirando do que eu ia gastar para pagar mensalmente as parcelas do financiamento, e colocar nos meus investimentos”, explica Daniel.
A transferência de financiamento, a chamada portabilidade, ainda é pouco usada, mas vem crescendo. Foram 2.317 transferências de janeiro a setembro, 134% a mais do que nos primeiros nove meses de 2018.
Com a recente queda dos juros do crédito imobiliário, quem fez financiamento nos últimos três anos pode conseguir hoje uma taxa até 30% menor. Para fazer a portabilidade, o primeiro passo é, com os dados do contrato, pedir uma simulação no banco que oferece juros mais baixos. O valor e o prazo do financiamento têm de ser os mesmos do contrato antigo. Aí é só fazer as contas.
A advogada Daniele Akamine, especialista em direito imobiliário, diz que, para valer a pena, o valor economizado no fim do contrato tem de ser bem maior do que o custo da transferência: as taxas de avaliação do imóvel e do cartório que, em São Paulo, segundo ela, custam no máximo, R$ 4,5 mil. Essa despesa precisa ser paga à vista.
“Quanto maior o valor do saldo, mais vale a pena essa portabilidade. Um pouco mais demorado do que uma portabilidade de telefone, mas é simples de se fazer”, garante Daniele.
Com o aumento da concorrência, o cliente ganhou poder de barganha. Até quem tem receio de mudar de banco pode economizar, diz Alberto Ajzental, professor de economia da FGV-SP. A dica dele é conseguir uma oferta melhor do concorrente e renegociar com o banco atual.
“Na maioria das vezes, eles cobrem a oferta. Porque o banco não tem interesse em perder você como cliente. Na verdade, o crédito imobiliário funciona para o banco como compromisso de longo prazo entre ele e você cliente. Então, dificilmente, ele quer te perder”, afirma Alberto Ajzental.