O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, expressou, ontem, preocupação com os rumos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida ao apresentar o estudo "Indicadores Imobiliários Nacionais" referente a 2018. Segundo Martins, em janeiro, as contratações do programa habitacional chegaram a 14 mil unidades, ante 78 mil unidades no primeiro mês do ano passado.
"As contratações do programa em janeiro caíram mais de 80% em relação ao mesmo mês do ano passado, em decorrência da transição de governo", disse Martins.
Os números de fevereiro ainda não estão fechados, mas conforme o representante setorial há sinais de que não foram muito diferentes dos de janeiro. A CBIC solicitou reunião com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e com o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, para tratar de questões referentes ao Minha Casa, Minha Vida.
"Não sabemos o quanto vamos recuperar de contratações do Minha Casa, Minha Vida ao longo do ano", disse Martins. De acordo com o presidente da CBIC, como o programa responde por dois terços do mercado, "qualquer 'movimentozinho' é um tsunami".
O orçamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para este ano está 5% menor do que o que foi previsto para 2018, segundo o representante setorial. Segundo ele, os recursos do Tesouro Nacional destinados a subsídios só puderam ser liberados após a sanção da Lei Orçamentária, em meados de janeiro.
Apesar da preocupação com o programa, Martins afirmou estar muito otimista com o mercado imobiliário brasileiro. A CBIC prevê crescimento de lançamentos em 2019. Enquanto se espera pelo menos estabilidade para o volume lançado no Minha Casa, Minha Vida, a expectativa para as unidades financiadas com recursos da poupança é de alta de 20% a 30%.
Segundo o presidente da entidade, a expansão do setor independe da aprovação da reforma da Previdência. "Se houver a reforma da Previdência, o desempenho fica melhor", afirmou Martins.
No ano passado, os lançamentos de imóveis residenciais aumentaram 3,1%, para 95.566 unidades, de acordo com levantamento da CBIC. As vendas cresceram 19,2%, para 120.142 unidades.
A oferta final disponível de imóveis, no Brasil, era de 124.028 unidades no fim do ano passado, volume 10,8% menor do que o do encerramento de 2017. Na prática, se não houver mais nenhum lançamento, neste ano, o total de imóveis disponíveis no mercado será vendido em onze meses. "O número de unidades em estoque está muito baixo", disse Martins.
No quarto trimestre, os lançamentos de imóveis residenciais caíram 9%, na comparação anual, para 34.939 unidades. De outubro a dezembro, as vendas aumentaram 4,4%, para 34.378 unidades, conforme a CBIC.