O novo presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, tem 58 anos, é pernambucano e iniciou sua carreira no Banco Banorte em 1985. Chegou ao banco da Cidade de Deus quando este comprou as operações do BBVA no Brasil, há 20 anos.
No Bradesco, começou como diretor departamental e foi subindo na hierarquia até chegar à vice-presidência, em 2015. Desde então, já comandou as duas verticais que são o coração do banco: o atacado e, desde o início deste ano, o varejo.
É um nome de confiança do presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi.
Noronha foi um dos cotados para assumir a presidência do banco em 2018, em substituição a Trabuco. Na ocasião, a escolha recaiu sobre Octavio de Lazari Jr, que sai agora. Assim, o executivo não é um “outsider”, embora sua indicação quebre a tradição de os presidentes do Bradesco terem feito a carreira toda na instituição.
Noronha é também um dos executivos brasileiros mais experientes no setor de cartões. Já foi o responsável pela Bradesco Cartões e pelas coligadas de pagamentos do grupo, como Cielo e Elo, na parceria que a instituição tem com o Banco do Brasil. Atuou como conselheiro das empresas Cielo, Alelo, Livelo e Elopar e foi presidente da Abecs, a associação das companhias da indústria de pagamentos.
Por isso, na presidência do Bradesco, o executivo será uma voz importante agora nas discussões sobre o rotativo dos cartões. O mercado tem até o fim deste ano para apresentar uma proposta. Do contrário, ficará submetido à limitação de juros imposta pela legislação do Desenrola.
Noronha é formado em administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especializações em finanças pelo IBMEC e em gestão IESE - Instituto de Estudios Empresariales (Iese) da Universidade de Navarra, em Barcelona. Atualmente, é membro do conselho de representantes da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF).
No mercado, Noronha é visto como um banqueiro clássico e combativo, com peso em discussões setoriais. A expectativa é que mostre força em questões como a do rotativo.
Ao mesmo tempo, precisará se voltar para dentro para melhorar a rentabilidade do Bradesco depois de dois anos difíceis.
Em entrevista ao Valor em abril, Noronha indicou o que vislumbrava para o varejo, área do Bradesco castigada pela inadimplência. A reestruturação prevista por ele passava por melhorias na estrutura de atendimento físico e digital, racionalização da rede de agências, revisão das marcas de banco digital do grupo e um melhor uso do Bradesco Expresso, rede de correspondentes que prestam serviços para a instituição, oriunda do antigo Banco Postal.
Na mesma entrevista, o executivo disse que não alteraria o foco do Bradesco, que tem boa parte de sua clientela no segmento de baixa renda. “Somos a cara do Brasil e não vamos mudar esse posicionamento”, disse.