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28/04/2022

Quinto Andar, Loft e Facily demitem mais de 400 pessoas em uma semana

Alguns dos principais unicórnios brasileiros --como são chamadas as empresas de tecnologia que superam a precificação de US$ 1 bilhão-- fizeram demissões em massa na última semana

Alguns dos principais unicórnios brasileiros --como são chamadas as empresas de tecnologia que superam a precificação de US$ 1 bilhão-- fizeram demissões em massa na última semana, algo inusual para um mercado que até o ano passado estava aquecido como quase nenhum outro setor do país.

Foram 159 pessoas desligadas na Loft, cerca de 170 na Quinto Andar e, segundo relatos de ex-funcionários, mais de 100 na Facily.

O setor de startups e tecnologia vinha quebrando recordes de investimento nos últimos anos, e o mercado ficou ainda mais favorável para as empresas após a digitalização da sociedade provocada pela pandemia. Nos últimos meses, porém, mudanças na economia global têm mudado o cenário.

No caso da Loft, as demissões desta segunda-feira (18) foram fruto da compra da CrediHome, empresa de crédito imobiliário adquirida pelo unicórnio em setembro do ano passado. Cargos sobrepostos teriam sido eliminados, embora uma ex-funcionária tenha falado à Folha que estavam acontecendo contratações no setor antes das demissões, que não eram esperadas.

Em nota, a empresa diz que vai apoiar os ex-funcionários por meio do fornecimento do serviço premium do Linkedin e da extensão do plano de saúde por dois meses.

Já na QuintoAndar e na Facily, as demissões atingiram diversos setores.

A empresa de aluguel e venda de imóveis, que passa por um momento de internacionalização, recebeu US$ 525 milhões de investimento somando as duas últimas rodadas, em março e abril de 2021, quando chegou à precificação de US$ 2,9 bilhões.

Relato de uma ex-funcionária cita dificuldades da empresa em conciliar a operação interna com a expansão que está sendo feita no México. Foi citado também o impacto da Guerra na Ucrânia no dólar e nos investimentos.

Em nota, a startup diz que os contratos de aluguel cresceram 23% no primeiro trimestre de 2022 em relação aos últimos três meses do ano passado. "Repriorizamos algumas de nossas iniciativas internas e alguns times e funções deixaram de existir, gerando uma redução de 4% da nossa equipe", divulgou a empresa.

Segundo a plataforma de dados Sling Hub, que não aponta a última demissão em massa, o número de funcionários na startup havia crescido 18% entre janeiro e março deste ano em relação ao último trimestre de 2021. A empresa já havia passado por uma demissão em massa no início da pandemia, quando cortou 8% da equipe.

A Facily, segundo a mesma base, mais que dobrou o número de funcionários nos primeiros três meses deste ano. As demissões, porém, foram as mais bruscas. Ex-funcionários divergem no número, que pode chegar a quase 200.

Em novembro de 2021, a plataforma de compras coletivas assinou um termo de compromisso com o Procon após o número de queixas em relação aos seus serviços chegar a 150 mil. Na época, o órgão exigiu que a startup indenizasse os consumidores e reduzisse as reclamações em 80%. A empresa se comprometeu também a criar um fundo de R$ 250 milhões para reparações aos clientes e aperfeiçoamento do serviço de atendimento.

Um mês depois, a Facily virou o novo unicórnio brasileiro após aporte de US$ 135 milhões.

Os cortes, segundo algumas das pessoas demitidas nesta terça-feira (19), teriam começado com funcionários de uma consultoria contratada.

Pressão de investidores, que viram a situação do dólar e dos juros mudar no mundo inteiro desde o último aporte, também foi aventada entre os motivos dos cortes A empresa não se pronunciou sobre o assunto.

É exagero falar em bolha das startups, afirma analista Em 2021, foram US$ 9,4 bilhões (em dezembro, cerca de R$ 53 bilhões) injetados na inovação brasileira, quase 2,6 vezes o que foi captado pelas empresas desse segmento em 2020 --US$ 3,5 bilhões.

A retomada da economia e a inflação trazem novos elementos para o investidor. Após um longo período de juros zerados para incentivar uma economia que quase parou com a pandemia, em março, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou os juros em 0,25 ponto percentual, para um intervalo entre 0,25% e 0,5% ao ano. A expectativa é que o aumento se repita nas próximas reuniões da entidade.

Matéria publicada em 27/04/2022

FONTE: YAHOO