O QuintoAndar acaba de levantar US$ 300 milhões (R$ 1,57 bilhão) em uma rodada que faz da plataforma de alugueis e compra de imóveis a segunda start-up mais valiosa do Brasil, atrás apenas do Nubank.
A proptech virou "unicórnio" ao ser avaliada em US$ 1 bilhão em setembro de 2019 e quadruplicou de tamanho de lá pra cá, alcançando o valor de US$ 4 bilhões.
Neste momento de farta liquidez, a rodada foi negociada em poucas semanas e teve uma demanda acima do pretendido, diz Gabriel Braga, CEO e co-fundador ao lado de André Penha. — Limitamos a US$ 300 milhões para evitar a diluição dos sócios — afirma.
O aporte foi liderado pelo fundo americano focado em fintechs Ribbit, de Meyer Malka, que no Brasil já investiu em Nubank, Warren, Conta Azul, Cora e Onze. Acompanharam a rodada SoftBank Latin America Fund, LTS, Maverick, Alta Park, Dragoneer, Qualcomm, Kaszek Ventures e uma grande gestora americana com mais de US$ 2 trilhões sob gestão cujo nome não foi divulgado.
— A gente estava com uma posição confortável de caixa, mas decidiu fazer a rodada olhando pra frente — diz Gabriel.
Os recursos serão usados para impulsionar a marca — que hoje já é referência em moradia, com 40% das buscas pelo segmento no Google — e em expansão geográfica, sobretudo para o novo negócio de compra e venda, lançado há um ano e hoje presente em quatro cidades. Nos alugueis, onde a start-up fez a sua grande inovação ao dispensar fiador e garantir o pagamento dos alugueis em dia para os proprietários, ela já está em 40 cidades.
A start-up também vai usar os recursos da rodada para investir em tecnologias que ajudem a dinamizar o mercado de venda de imóveis. Em um ano, a plataforma de vendas já transacionou mais de 1.000 imóveis e hoje conta com 60 mil propriedades anunciadas, em 3 cidades — o maior estoque dentre as plataformas digitais de transação do país.
— A gente acredita que pode usar a tecnologia para simplificar processos e contribuir para expandir o mercado de compra e venda, que é muito menos dinâmico do que poderia. Cada casa fica 50 anos em uma família. O turnover é de 1%, 2% — afirma.
O foco das inovações deve ser o crédito imobiliário, reduzindo o tempo de liberação dos empréstimos. — Começamos adaptando e aproveitando a plataforma de aluguel para a venda, mas ainda há muita coisa pra inovar e queremos intensificar isso. Sobretudo em termos de soluções financeiras. Precisamos simplificar o crédito imobiliário, que é um processo burocrático, difícil, demorado e incerto. Queremos baixar de 60 a 70 dias para um tempo curto e previsível, dando mais segurança ao processo — diz ele.
Expansão internacional
A rodada também deve ajudar a tirar do papel os planos de internacionalização, adiados em função da pandemia. A expansão se dará pela América Latina, começando pelo México, mas ainda sem data definida.
Com a nova rodada, o volume de recursos captado pelo QuintoAndar desde a sua fundação, em 2013, soma US$ 600 milhões. A saída obvia para os investidores é um IPO, mas não há planos de curto prazo. — A gente gosta da ideia para os próximos anos — diz Gabriel.