Incensado como uma revolução, o blockchain ainda parece distante de mercados tradicionais que fazem uso de ferramentas digitais — caso do ramo imobiliário. Há projetos, no entanto, que tentam encurtar essa distância, mesmo que isso seja feito em pequena escala. Alguns deles foram apresentados durante a MIPIM PropTech 2018, conferência de tecnologia voltada ao mercado imobiliário, realizada em Paris.
O Brickblock, por exemplo, é um sistema de contratos inteligentes voltado a investimento em propriedades físicas. Baseada em Ethereum, a plataforma permite que um edifício, por exemplo, passe por um processo similar a uma abertura de capital online. "Dessa maneira, você pode ter investidores do mundo todo", afirma Gonzalo Slik, diretor da empresa.
Engana-se, porém, quem pensa que apenas os tubarões de sempre podem aplicar dinheiro nesse sistema. "Investir é caro e, geralmente, as pessoas que fazem parte disso são grandes investidores", explica Slik. "Mas nessa plataforma, você pode investir cinco reais e ainda assim tirar vantagem dessa oportunidade."
Segundo o diretor, a companhia contabiliza mais de um bilhão de investimentos até o momento numa faixa de aportes que vai de US$ 6 a US$ 6 milhões. O público varia também: de novatos em busca de novos fundos de aplicação a investidores experientes tentando inovar sua cartela de negócios.
Segundo Slik, o mercado latino-americano de investimentos imobiliários ainda é subestimado, por isso há um grande potencial para capital estrangeiro. Duas empresas brasileiras — a RFM e a TRX — farão uso do serviço nos próximos meses, de acordo com o diretor.
As possibilidades do blockchain somada às altas somas financeiras que circulam pelo ramo imobiliário dão origem a outras plataformas similares à Brickblock. É o caso da Leasum Partners, que funciona sob a mesma dinâmica de investimentos baseado em um sistema descentralizado.
Contratos inteligentes, outro aspecto frequentemente atribuído ao blockchain, também devem virar realidade em breve no mundo da compra e venda de imóveis. Durante o evento, a empresa de pesquisa e desenvolvimento HBS Research fez uma demonstração do que seria uma transação imobiliária por meio do blockchain.
Michael Sigda, um dos diretores da empresa, explica que a ideia do protótipo é colocar na mesa de negociações virtual tudo aquilo que aconteceria numa negociação no papel. "Investidores, segurança, tudo pode ser feito dessa maneira", diz Sigda. Segundo ele, até 2020 mesmo os pagamentos poderão ser realizados e registrados via blockchain.