O ano de 2022 está terminando com resultados negativos para a indústria de materiais de construção, na comparação com os 12 meses anteriores. Quatro entidades do setor já divulgaram projeções negativas para o desempenho no ano.
A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) prevê queda de 6% no faturamento das associadas, enquanto para a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer) o recuo previsto nas vendas é de 18%.
Nos materiais de base, o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) deve registrar redução de 2% nas vendas, e o Instituto Aço Brasil projeta um consumo aparente de aço 12% menor para o ano na comparação com 2021.
Fatores mais críticos para lançamentos são cenário político, a taxa de juros elevada e o aumento da inflação
Vale a ponderação de que 2021 foi um ano de alta para o setor, motivado pelo crescimento das obras tanto por parte das construtoras, com o boom de lançamentos residenciais, quanto do consumidor “formiguinha”, que faz autoconstrução ou reforma e compra os materiais no varejo.
Ainda assim, pelo menos na Anfacer os resultados foram piores do que em 2019, com recuo de 4% a 5% nas vendas até novembro.
Empresas do setor que conseguiram manter crescimento no ano apostaram em uma expansão do mercado consumidor, com mais vendas para países próximos, e na mudança do perfil dos produtos, optando por itens de maior valor.
Foi o caso da fabricante de materiais elétricos Steck. Segundo o presidente Klecios Souza, a empresa projetava um crescimento de 25% para 2022, mas conseguiu um aumento de cerca de 11%. Em 2021, a companhia havia elevado o faturamento em 35%.
As vendas para países da América Latina cresceram 50% no período, e hoje representam 14% dos negócios. Para Souza, há oportunidades de crescer em países menores da América Central e também no México.
Ele conta que o número de peças vendidas caiu no ano, mas o valor garantiu o aumento no período. A Steck tem apostado mais em produtos ligados à conectividade da casa, como os que se comunicam com assistentes domésticos e celulares. Também tem ampliado suas vendas pela internet, por meio de marketplaces.
“A Black Friday não foi tão boa para o mercado em geral, mas, para nós, que éramos iniciantes, foi espetacular”, afirma.
Entre as incorporadoras, no terceiro trimestre 57% estavam adiando ou refazendo orçamentos e 16% cancelando ou reduzindo os novos projetos planejados, três vezes mais do que os 5% registrados no trimestre anterior, segundo pesquisa feita pela consultoria Brain para o GRI, clube de empresários do mercado imobiliário, divulgada neste mês. O levantamento foi feito com 166 companhias.
A parcela de companhias do setor que estavam investindo ou ampliando seus negócios caiu de 61% para 55% entre o segundo e o terceiro trimestre. Já a porcentagem daquelas que estão apenas “observando o mercado” aumentou de 32% para 40%. Ao mesmo tempo, o número de companhias que optaram por desinvestir também recuou, de 7% para 5% no período.
A inadimplência dos consumidores está acima do padrão histórico para 30% das companhias consultadas, mas o número representa uma queda de 9 pontos percentuais ante o segundo trimestre.
Quando a pesquisa foi realizada, os fatores mais citados que poderiam afetar os lançamentos futuros eram o cenário político, a taxa de juros elevada e o aumento da inflação do setor. Esse último, ao menos, dá sinais de melhora.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) fechou novembro com alta de 0,14%. No acumulado do ano, soma 9,11%, e, nos últimos 12 meses, 9,44%. Já é um alívio na comparação com o mesmo período de 2021, quando foi registrado 14,69% de alta em 12 meses.
e também de um prédio de escritórios, que farão parte do complexo. O CPPIB, um grande fundo de pensão canadense já com presença no Brasil, é o dono de um dos prédios que será destinado apenas para aluguel.
Matéria publicada em 27/12/2022