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21/08/2018

Recuperação da economia criaria ‘problema sério’ de falta de imóveis

Um crescimento mais intenso da economia em 2019 ou 2020 pode gerar um “problema sério” de falta de imóveis residenciais no País, avalia a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)

 Um crescimento mais intenso da economia em 2019 ou 2020 pode gerar um “problema sério” de falta de imóveis residenciais no País, avalia a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).

O diagnóstico foi traçado durante divulgação de indicadores da construção civil no segundo trimestre. No período, o número de unidades vendidas (29,9 mil, em alta de 32% em um ano) superou mais uma vez a quantidade de lançadas (25,4 mil, ou salto de 19,9%). Se considerado o primeiro semestre, as vendas avançaram 29%, frente alta de 2% nos lançamentos.

O quadro diminuiu os estoques para 124,7 mil unidades em junho ante 145,6 mil um ano antes (-14,4%). Presidente da CBIC, José Carlos Martins considerou os dados positivos, mas alertou sobre o “risco de desequilibrar para a falta de imóveis quando o Brasil tiver uma puxada [positiva] na economia.”

Presidente da Comissão de Indústria Imobiliária da entidade, Celso Petrucci seguiu o mesmo caminho. “Digamos que o presidente eleito seja comprometido com as reformas e o crescimento: se ocorrer, em 2019 ou 2020, um crescimento [do PIB] de 1,5% em um ano e no outro 3%, vai faltar imóvel no mercado.”

Petrucci citou como exemplo o ano de 2010, “quando saímos de perda de 0,1% do PIB para crescimento de 7,5%”. Na ocasião, o estoque de imóveis atingiu níveis baixíssimos e impactou preços, que “cresceram de 35% a 40% na cidade de São Paulo.”

“Hoje já não existe mais sobra de imóvel”, afirmou Petrucci, adicionando que as 124,7 mil unidades atuais seriam escoadas em 12 meses na velocidade atual de vendas. Um ano antes, o estoque de 145,6 mil unidades seria suficiente para 19 meses.

Tal cenário só seria revertido em caso de “alguns trimestres de mais lançamentos do que vendas”. No segundo trimestre, o estoque (ou oferta final disponível) caiu em 77,9% das praças, incluindo as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Descrédito - Segundo Martins, o desencontro nos níveis de venda e lançamentos está diretamente vinculado à política “mais restritiva” de crédito adotada pelos agentes financeiros. “Estamos trabalhando com o Banco Central para melhorar condições de crédito para as empresas, senão no futuro teremos problema sério de falta de produto”, sinalizou ele.

De acordo com Celso Petrucci, a concessão de crédito para empresas do setor no primeiro semestre atingiu R$ 5 bilhões; o valor é maior que os R$ 4,4 bilhões de um ano antes, mas ainda representariam “um terço da capacidade”, uma vez que nos seis primeiros meses de 2014 foram concedidos cerca de R$ 15 bilhões.

Tal postura mais conservadora é fruto de “atrito” gerado por fatores como o alto volume de distratos (ou cancelamento de venda de imóveis). A incidência do problema, contudo, está diminuindo. “Na cidade de São Paulo há um ano e meio atrás praticamente 25% das unidades vendidas eram distratadas. Hoje, está em 10%”, indicou Petrucci.

Paralisação - Grande motor do setor imobiliário nos últimos anos, o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) está com contratações paralisadas na faixa 1 – destinada para famílias de baixa renda – por conta das indefinições em torno do Orçamento do ano que vem.

“Com responsabilidade, o Ministério das Cidades não tem soltado editais”, afirmou José Carlos Martins. Segundo ele, a pasta realizaria ontem (20) reunião com o Ministério do Planejamento para definir a verba do MCMV em 2019.

FONTE: DCI