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13/11/2015

Resultados das incorporadoras pioram

A exceção ficou por conta da MRV Engenharia, que elevou lucro, receita, margem bruta e obteve geração de caixa recorde no trimestre.

Chiara Quintão e Victória Mantoan

A maior parte dos resultados das incorporadoras divulgados ontem, até o fechamento desta edição, apresentou piora no terceiro trimestre ante o mesmo período do ano passado. A exceção ficou por conta da MRV Engenharia, que elevou lucro, receita, margem bruta e obteve geração de caixa recorde no trimestre.

O lucro líquido da Cyrela, maior incorporadora de capital aberto, caiu 26,7%, para R$ 131,2 milhões. A receita líquida teve queda de 29,5%, para R$ 1,14 bilhão. A margem bruta da companhia passou de 29,9% no terceiro trimestre de 2014, para 34,7% no intervalo de julho a agosto. A Cyrela gerou caixa de R$ 219 milhões no terceiro trimestre e de R$ 841 milhões no acumulado do ano. No fim de setembro, a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido era de 21,3%, ante 25,2% no segundo trimestre.

A EZTec registrou queda de 16% no lucro líquido do terceiro trimestre, para R$ 104,74 milhões e redução de 20% na receita líquida, para 184,79 milhões. A margem bruta da companhia passou de 54% no terceiro trimestre do ano passado, para 49,1% no intervalo de julho a setembro. Já a margem líquida melhorou, de 54,1% para 56,7%.

O diretor financeiro de relações com investidores da EZTec, Emilio Fugazza, ressalta que o resultado financeiro melhorou com a manutenção da condição de caixa líquido. A EZTec gerou caixa de R$ 28,7 milhões no trimestre. No fim de setembro, a companhia tinha caixa líquido de R$ 222,95 milhões. Questionado se a EZTec voltará a crescer em 2016, o executivo disse que "a intenção é testar lançamentos". "Temos de aceitar que as condições [de mercado] mudaram. A melhora mais representativa ocorrerá em 2017, mas, em 2016, precisamos voltar a investir", afirma.

O lucro líquido da Tecnisa caiu 75,7% no trimestre, para R$ 7,76 milhões, e a receita líquida teve queda de 1,3%, para R$ 377,45 milhões. A margem bruta ajustada aumentou de 38,2% para 39,7%. A Tecnisa gerou caixa de R$ 50,27 milhões A companhia informou queda de 11% na dívida corporativa, para R$ 562 milhões, menor patamar desde 2009. A alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido ficou em 111,5%, ante 113% em junho.

 

A Even registrou lucro líquido antes da participação dos minoritários de R$ 32,76 milhões, com queda de 60,3%. A receita líquida da companhia aumentou 4%, para R$ 573,77 milhões. Já a margem bruta ajustada caiu de 38,5% para 32%. A Even consumiu caixa de R$ 79 milhões, sem considerar pagamento de dividendos e recompra de ações. No fim do trimestre, a alavancagem da Even era de 51,8%, ante 48,9% em junho.

O lucro líquido da Helbor caiu 59,7% no trimestre, para R$ 21 milhões. A receita líquida teve queda de 14,7%, para R$ 350,53 milhões. A margem bruta da companhia passou de 34% para 27,1%, e a margem bruta ajustada caiu de 40,6% para 36,1%. A Helbor consumiu caixa de R$ 88,95 milhões no trimestre. A alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido era de 80,8% no fim de setembro.

A MRV elevou seu lucro em 5,2% no trimestre, para R$ 142 milhões, e aumentou a receita líquida em 6,6%, para R$ 1,164 bilhão. A margem bruta aumentou de 28,2% para 31%. De acordo com o co-presidente da MRV, Rafael Menin, a tendência é que as margens da companhia continuem a subir gradativamente.

A MRV teve geração de caixa recorde de R$ 258 milhões no trimestre. Segundo Menin, o valor recorde na geração de caixa trimestral resulta do processo de venda simultânea (SICAQ/SAC), em que os compradores têm de ser aprovados pelos bancos na assinatura do contrato, o que acelera o repasse dos recebíveis dos clientes. A incorporadora continuará a ter geração de caixa, conforme Menin, considerando que os volumes de lançamentos, vendas e repasses continuem parecidos com os atuais. Menin pondera que pode haver volatilidade no volume de caixa em um ou outro trimestre.

A rede de imobiliárias Brasil Brokers reverteu o lucro líquido de R$ 6,67 milhões registrado no terceiro trimestre do ano passado e registrou prejuízo líquido de R$ 10,43 milhões no intervalo de julho a setembro. A principal razão para o prejuízo foi a retração das vendas de lançamentos, segundo o diretor financeiro, de controle e relações com investidores, Felipe Dias. "Com o mercado imobiliário tão enfraquecido, não há como ter lucro", diz o executivo.

Dias ressalta que a companhia tem buscado cortes de gastos por meio de ganhos de eficiência. Neste ano, a Brasil Brokers reduziu seu quadro administrativo de 1.188 funcionários para 1.030. No terceiro trimestre, a companhia fechou 13 lojas e, em 2015, 21 lojas. "Não há motivos para acreditar que o quarto trimestre será melhor do que o resto do ano", diz o presidente da Brasil Brokers, Silvio Almeida.

 

FONTE: VALOR ECONôMICO