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29/08/2023

Retirada de recursos da caderneta de poupança tem impactado principal fonte de financiamento de imóveis no Brasil (G1)

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança mostram que no primeiro semestre, 260 mil imóveis foram financiados pelo SBPE. Número é 26% menor do que o registrado no mesmo período de 2022

Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança mostram que no primeiro semestre, 260 mil imóveis foram financiados pelo SBPE. Número é 26% menor do que o registrado no mesmo período de 2022.

 

 

O movimento de retirada de dinheiro das cadernetas de poupança está provocando reflexos negativos na principal fonte de financiamento de imóveis no Brasil.

Willian precisou esperar vários meses para conseguir assinar o contrato do financiamento . O processo ficou parado de fevereiro a junho por um problema de documentação. Depois, foi mais 1 mês e meio para conseguir assinar o documento e o crédito ser liberado.

Ele vai pagar 80% do imóvel pelo sistema brasileiro de poupança e empréstimo - o SBPE, modalidade que recebe recursos da caderneta de poupança. Agora, ele ainda espera a entrega das chaves.

 

“Eles falavam que não tinha liberação de recurso, não tinha expectativa, não tinha nada. Achamos que ia ser bem mais simples, bem mais rápido”, diz o contador.

O SBPE é a principal fonte de recursos do mercado imobiliário. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança mostram que, no primeiro semestre, 260 mil imóveis foram financiados pelo SBPE. O número é 26% menor do que o registrado no mesmo período de 2022.

 

Os economistas explicam que a dificuldade que muitas pessoas estão enfrentando pra conseguir um financiamento imobiliário - nessa modalidade - tem ligação direta com o aumento de saques da aplicação mais tradicional do país.

Do começo do ano até julho, os brasileiros retiraram R$ 70 bilhões a mais do que investiram na poupança,

 

“Nos últimos meses, houve o aumento de saques na poupança, principalmente por conta da taxa de juros. Hoje há uma tendência de redução, mas esses juros altos acabam trazendo aí um resgate maior da poupança para outras alternativas mais interessantes em termos de retorno para as famílias, enfim para quem investe, só que isso acaba afetando no final do dia quem precisa desses recursos para fazer o financiamento da casa própria”, diz o economista da FGV Joelson Sampaio.

 

O Ivan Guedes é corretor de imóveis e conta que está com negociações paradas de compra e venda porque os clientes estão esperando a liberação dos recursos de financiamento do SBPE.

“A justificativa é: pouco recurso. O que era um fluxo de 30 dias desde a entrada na instituição financeira até a assinatura do contrato, passou pra 60. Já tive casos que foi pra 90 dias”, diz.

 

O economista da Fundação Getúlio Vargas ressalta a importância de fazer uma pesquisa antes de escolher o financiamento.

“É importante sempre comparar, procurar alternativas, porque no mercado imobiliário você tem diversas e diferentes formas de financiamento. A partir dessa comparação, tomar uma decisão de qual financiamento, qual empréstimo é mais adequado”, explica.

FONTE: G1