O déficit habitacional cresceu nos últimos anos e será um fator de estímulo à demanda por moradia. É o que mostra o estudo Análise das Necessidades Habitacionais e suas Tendências para os Próximos Dez Anos, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e patrocinado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias. A conclusão natural é que, se a economia brasileira se recuperar, como se espera, haverá condições muito favoráveis para o desenvolvimento do mercado imobiliário.
Em 2017, foi estimado um déficit de 7,77 milhões de moradias, aí incluídas habitações precárias e situações de coabitação familiar e adensamento excessivo. Além dessas categorias, parcela crescente do déficit é medida, indiretamente, pelo ônus excessivo com o aluguel. Entre 2007 e 2017, aumentou de 24,2% para 42,3% a participação das famílias que despendem mais de 30% da renda com o aluguel no déficit habitacional.
Só a demanda nova projetada para o período 2018/2017 é estimada em 9 milhões de unidades. Mas para reduzir o déficit a FGV calcula que é preciso construir 12 milhões de unidades.
As projeções variam conforme os cenários – pessimista, básico ou otimista – desenhados pela FGV. No cenário base, com a economia crescendo e com melhor distribuição de renda, a maior demanda estará concentrada nas faixas de renda de 1 a 3 salários mínimos. Nesta hipótese, o acesso à habitação pelas famílias com renda de até um salário mínimo corresponderia a uma redução do déficit de moradias.
Um peso relevante é atribuído ao programa Minha Casa, Minha Vida, que se tornou “uma referência na produção e oferta de habitação para a população de baixa renda no País, atendendo à demanda das famílias sem as condições exigidas pelo mercado de crédito”, afirmam os responsáveis pelo estudo, coordenado por Ana Maria Castelo, da FGV Projetos.
Vultosos investimentos terão de ser realizados nos próximos anos não só para reduzir o déficit de moradias, como para atender à demanda de novas habitações.
O acesso das famílias à casa própria depende tanto da oferta de recursos como de juros módicos que permitam que as prestações caibam na renda dos mutuários. Isso não será possível sem um forte ajuste fiscal, para evitar que o Banco Central seja obrigado a apertar a política monetária.