Servidores municipais do Rio, ativos e inativos, poderão, até o final do ano, ter acesso a carta de crédito especial para o financiamento de imóveis em parte da região central da cidade. É o que foi apresentado nesta segunda-feira (dia 11), para atrair investimentos para uma das etapas do programa Reviver Centro, aprovado em 2021 para transformar os bairros também em espaços residenciais. As unidades — em construção ou que serão revitalizadas — terão entre 30 m² e 65 m², com valores médios que variam de R$ 250 mil a R$ 500 mil.
O empreendimento, organizado pelas secretarias de Fazenda e Planejamento, de Planejamento Urbano e de Coordenação Governamental, procura renovar o espaço urbano entre as ruas Santa Luzia e Senador Dantas, próximas à estação Cinelândia, e a Rua Visconde de Inhaúma, no espaço da Rua Primeiro de Março até a Avenida Rio Branco. Desde o começo do programa, foram aprovados 21 licenciamentos — 16 para reconversões e 5 para construções novas — e há previsão de 1.771 unidades residenciais para a região.
Devido à baixa disponibilidade de terrenos para expansão na região, a preferência para a aprovação de licitações é para projetos com "retrofit" — em que há uma remodelação de uma estrutura predial já existente. Com isso, prédios que estão vagos há muito tempo poderão ser renovados para passar a abrigar residentes, e não mais servir a funções comerciais.
A Prefeitura do Rio quer dar prioridade de financiamento a servidores municipais, que devem representar pelo menos 60% dos inscritos no programa de crédito especial. O valor é consignado à folha de pagamento e, portanto, as parcelas não podem ultrapassar 35% dos vencimentos. O funcionário que já tiver um crédito consignado pode se inscrever no programa se não tiver atingido o limite de comprometimento da renda.
O secretário de Coordenação Governamental, Jorge Arraes, mostra que, dentro do universo do funcionalismo municipal, há vantagens interessantes para a prefeitura e para as empresas interessadas:
— Temos mais de 25 mil servidores com renda superior a R$ 9 mil, em um universo de mais de cem mil potenciais compradores, e mais de 30 mil funcionários com menos de 45 anos, ou seja, a gente tem uma condição de ter um universo de ingressantes muito significativo.
A vinda de servidores para a região central da cidade terá por consequência a vinda de serviços, como supermercados, e a melhoria da segurança na localidade, de acordo com o secretário de Planejamento Urbano, Washington Fajardo.
— Estamos criando um ambiente para mudar a percepção da população sobre o Centro. A região ainda não é bem percebida como um espaço seguro. Com mais gente circulando, a gente começa a alterar essa percepção — afirma.
Mais detalhes sobre as taxas de juros, tempo máximo de parcelamento e modalidades de crédito devem ser divulgadas nos próximos meses, conforme o andamento dos investimentos.
Os servidores municipais interessados em integrarem o programa poderão se inscrever até o final de 2022, quando a prefeitura terá concluído o chamamento para empresas do setor da construção civil que estiverem interessados em investir na região, que têm até setembro para enviar os projetos, que depois serão selecionados e, enfim, terão os empreendimentos cadastrados. No entanto, como o processo no mercado imobiliário demora, os interessados devem esperar de 5 a 6 anos para concluir a mudança para o novo apartamento.
Segundo Marcos Saceanu, presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário no Rio (Ademi-RJ), os imóveis devem ter, em média, de 30 m² a 65 m², com destaque para apartamentos de um a dois quartos, mas também studios — caso dos apartamentos menores. Em alguns anos, ele acredita que terá um alto potencial de famílias se mudando para a região.
— Quando estiver começando a migração, vai ter muita gente saindo da Baixada Fluminense, da Zona Norte da cidade. Trabalhar e morar no Centro é um upgrade enorme para a cidade e para o Estado do Rio. Uma família com até 2 filhos, por exemplo, pode tranquilamente morar em um apartamento de 50 m² e será muito bem atendida com toda a estrutura de serviços e lazer — afirma.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio (Sinduscon-Rio) Cláudio Hermolin explica que o ciclo de resultados do ramo imobiliário é longo, mas já vê melhoria desde o começo do programa Reviver Rio.
— Já conseguimos ver o aumento na procura por terrenos e já há um alto número de licenciamentos na região do Centro. Nos cinco anos anteriores ao Reviver Centro, foram feitos 4 lançamentos residenciais, enquanto apenas nesse último ano, desde o começo do projeto, são 21 projetos, entre lançados e para lançamento. Agora, até vermos esses residenciais prontos e as pessoas já morando, vai levar um tempo — explica.
Matéria publicada em 12/07/2022