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28/08/2024

Ritmo de repasses para programas habitacionais é lento no NE (Valor Econômico)

Até no Nordeste, região prioritária para investimentos na área social do governo, há registro de lentidão nos pagamentos de programas como o Minha Casa, Minha Vida e nos repasses para o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), que substitui casas de taipa por casas de alvenaria

Até no Nordeste, região prioritária para investimentos na área social do governo, há registro de lentidão nos pagamentos de programas como o Minha Casa, Minha Vida e nos repasses para o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), que substitui casas de taipa por casas de alvenaria.

Os dois programas são operados pela Caixa Econômica Federal. Em fins do ano passado, a Caixa pediu a instalação de uma arbitragem na Advocacia Geral da União (AGU) em função de atrasos do Tesouro Nacional nos repasses específicos para o pagamento de benefícios sociais e previdenciários. Este atraso fez com que a Caixa lançasse mão de recursos próprios para pagamento de seguro desemprego, abono salarial e benefícios do Bolsa Família. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, desmentiram publicamente que houvesse atrasos nos pagamentos de programas do governo.

No caso do programa habitacional, o tempo médio para o pagamento das medições dobrou em relação ao início do ano. "O que se recebia em dez dias leva hoje de quinze a vinte dias para empresas pequenas e médias e até 30 dias para empresas de porte maior", afirmou um empresário da construção civil que atua no Ceará.

Os problemas começaram a ocorrer a partir de fevereiro deste ano e em meados de abril já havia casos de atrasos superior a dois meses. Pressionado pelas entidades do setor, o governo federal criou uma nova sistemática se comprometendo ao menos uma vez por mês por empresa. Pequenas e médias têm preferência para o recebimento. O novo cronograma está sendo cumprido desde maio e não chegou a ter paralisações de obras.

A regularização desafogou as empresas, que liquidaram as dívidas com fornecedores. "Pelo menos temos como prever os recebimentos, mas os prazos maiores reduziram nossa margem", afirmou este empresário. Mas a leitura no setor de construção civil nordestino é que o alongamento dos prazos para o pagamento sinaliza que o governo poderá ter dificuldade para expandir o programa como vinha prometendo. "Estão falando para a gente acelerar, mas se esquecem de dizer que há uma curva pela frente", disse.

De muito menor porte, o PNHR ainda não liquidou medições feitas há mais de trinta dias, de acordo com um dirigente de associação comunitária no Ceará, e há obras paradas. As associações comunitárias realizam as benfeitorias com recursos adiantados. As obras têm início com a liberação de 40% da verba e o restante é depositado depois da primeira medição.

Se o depósito demora a sair, as associações dispensam suas equipes de trabalho enquanto aguardam a liberação do dinheiro. "As liberações eram feitas até o fim do ano passado de forma quase automática. Este ano, a partir de fevereiro, não só passaram a ser feitas de maneira mais espaçadas, como aumentou o controle por Brasília", disse.

FONTE: VALOR ECONôMICO