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14/05/2020

RNI eleva vendas em abril, apesar da piora do cenário

Incorporadora se torna mais proativa na busca de clientes e antecipa mudanças no canal digital

As vendas de imóveis da RNI Negócios Imobiliários realizadas em abril superaram as do mesmo mês do ano passado e a média mensal de janeiro a março. Segundo o presidente da companhia, Carlos Bianconi, desde a proibição do funcionamento dos estandes de comercialização, devido à pandemia de covid-19, a incorporadora passou a ser mais proativa na busca de clientes e antecipou alterações no seu canal digital que, sem a mudança do cenário, seriam adotadas no prazo de dois anos a até cinco anos.

Das vendas registradas em abril, apenas 25% se referem a migração de tratativas feitas pessoalmente para o canal online. A maioria foi originada no próprio mês, ou seja, virtualmente.

Das vendas de abril, apenas 25% se referem a migração de tratativas pessoais para o canal online

Em função do desempenho de vendas, a RNI avalia a possibilidade de realizar dois empreendimentos do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida - um em São Paulo e outro em Goiânia -, com Valor Geral de Vendas (VGV) que soma R$ 150 milhões, e deu início à pré-venda dos projetos nesta semana. Bianconi conta que, considerando-se o prazo “prudente” de 90 dias para pré-venda e caso não haja deterioração do mercado, os produtos podem ser lançados no início do segundo semestre. “Ainda estamos medindo a temperatura do mercado”, diz o executivo.

A RNI tinha um projeto de condomínio horizontal de casas voltado para a classe média que deixou de considerar a apresentação, no curto prazo, por conta da pandemia. “O Minha Casa, Minha Vida é mais resiliente, devido aos incentivos do governo e ao déficit habitacional”, afirma Bianconi, acrescentando que também existe déficit de moradias no segmento econômico, mas que a busca por unidades dessa faixa “não é tão forte” quanto pelas do programa.

Em um contexto em que se espera que mais pessoas trabalhem de casa após o fim da quarentena do que antes do início do confinamento, a RNI está discutindo a possibilidade de oferecer ambientes “mais aconchegantes” nas áreas comuns dos projetos do Minha Casa, Minha Vida. A intenção, segundo o executivo, é que os moradores tenham mais espaços de “descompressão” e não, necessariamente, áreas compartilhadas de trabalho (“coworking”). “Não vamos colocar escritórios, pois isso seria mudar o enclausuramento de lugar”, diz o presidente da RNI.

No primeiro trimestre, a incorporadora lançou R$ 32,9 milhões (parte própria). Um ano antes, não tinha apresentado projetos ao mercado. Lançamentos previstos para março foram postergados, em decorrência dos impactos econômicos da disseminação do coronavírus. As vendas caíram 20%, no trimestre, para R$ 59 milhões. Com menos vendas, a receita líquida teve queda de 29%, para R$ 55,8 milhões.

Mesmo com a diminuição da receita, a companhia reduziu seu prejuízo líquido em 25%, para R$ 7,4 milhões. Isso foi possível graças ao crescimento da margem bruta de 13,5%, no primeiro trimestre do ano passado, para 19,4%, de janeiro a março. A margem bruta a apropriar aumentou de 18,8% para 24,8%. De acordo com o executivo, a RNI encerrou um ciclo de margens apertadas e está começando um novo momento, com patamar de rentabilidade mais elevado.

O resultado financeiro passou de R$ 2,1 milhões negativos para R$ 6,8 milhões positivos.

No primeiro trimestre, a RNI consumiu caixa de R$ 51 milhões, com gastos de produção, geração de negócios e construção de unidades. “Estamos focados no reequilíbrio do caixa no segundo trimestre”, diz o presidente da companhia.

Para reforçar sua liquidez, a RNI captou, em abril, R$ 50 milhões junto ao Banco ABC. A companhia mantém sua estratégia de “monetização de ativos”, segundo Bianconi.

No fim de março, a alavancagem da companhia medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido era de 56%, acima dos 47,3% do final de 2019.

FONTE: VALOR ECONôMICO