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27/03/2018

Rossi vive transição e projeta retomada

Para 2018, estão previstos lançamentos de três projetos, que somam Valor Geral de Vendas (VGV) de quase R$ 300 milhões.

Depois de renegociar a maior parte de suas dívidas, a Rossi Residencial viverá, em 2018, seu ano de transição, com perspectiva de ter sua retomada em 2019, segundo o presidente, João Paulo Rossi Cuppoloni. No novo modelo, a Rossi terá quatro unidades de negócio e buscará adequar a estrutura de capital de cada uma. A companhia não comenta qual o novo tamanho projetado, mas o Valor apurou que o banco de terrenos atual, o potencial de atuação no Minha Casa, Minha Vida e as aprovações a serem obtidas em loteamentos possibilitarão que os lançamentos anuais cheguem à faixa de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão.

Para 2018, estão previstos lançamentos de três projetos, que somam Valor Geral de Vendas (VGV) de quase R$ 300 milhões. Todos os empreendimentos serão apresentados ao mercado no segundo semestre. Um dos projetos será enquadrado no programa habitacional, com VGV de R$ 100 milhões. A Norcon Rossi - joint venture em que a companhia tem 70% de participação - lançará um empreendimento, e o outro projeto será de loteamento.

Este ano marca o início da atuação da Rossi por meio de quatro linhas de negócios - uma focada no Minha Casa, Minha Vida; a Norcon Rossi; a Rossi Desenvolvedora; e a unidade que reunirá o chamado "legado", ou seja, o que foi lançado até 2015. "Quando atingirmos velocidade de cruzeiro, em 2019 ou 2020, os lançamentos do Minha Casa, Minha Vida podem ficar entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões, conta o presidente da Rossi.

A Norcon Rossi terá projetos somente em Aracaju, enquanto a Rossi Desenvolvedora responderá pela atuação da companhia nas regiões de São Paulo e Campinas, integrando a urbanizadora Entreverdes. A unidade responsável pelo legado fará conclusão das obras, administração de carteiras e venda de unidades. Cada uma buscará fontes de recursos.

Parte dos funcionários serão realocados para as novas unidades. Estão previstos cortes na Norcon Rossi e, à medida que as etapas forem concluídas, na unidade do legado. Desde o primeiro semestre de 2014, o número de funcionários da Rossi diminuiu 77%, para 558 pessoas A companhia possui seis obras em curso, com conclusão prevista para julho. Em 2015, o número de canteiros superava 70 e mais de 70% do total estava prestes a parar. A Rossi concluirá, em 2018, a adequação de custos jurídico, financeiro, de controle e com tecnologia da informação a seu novo tamanho.

A Rossi reestruturou dívidas corporativas de R$ 1,27 bilhão - R$ 1,02 bilhão com o Bradesco e R$ 250 milhões com o Banco do Brasil. A renegociação possibilitou que a companhia registrasse lucro líquido de R$ 141,8 milhões, no quarto trimestre, e reduzisse o prejuízo do acumulado do ano para R$ 338,9 milhões. Sem essa reestruturação, a incorporadora teria apresentado prejuízo trimestral de R$ 173,6 milhões e perda de R$ 654,3 milhões em 2017.

A Even Construtora e Incorporadora, que também apresentou balanço ontem, terá sua retomada nos anos de 2018 a 2020, segundo o presidente, Dany Muszkat. A volta da companhia à rentabilidade dependerá dos lançamentos a serem realizados, de acordo com o executivo. "Nossos terrenos são suficientes para retomar o lucro em 12 meses, dependendo do quanto for lançado", diz Muszkat. A margem bruta tende a melhorar com lançamentos e menos distratos.

O presidente da Even ressalta que, apesar do prejuízo - no ano passado, a perda foi de R$ 378,7 milhões -, a companhia gerou caixa de R$ 357 milhões e reduziu a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido de 57% para 51%.

No fim de 2015, a companhia traçou cenário para os cinco anos seguintes com a previsão de que 2016 e 2017 seriam anos difíceis e que os três anos seguintes seriam de retomada. Nos dois últimos anos, a Even registrou variação negativa superior a R$ 1 bilhão entre o que projetava para volume de vendas, preços e distratos. Por outro lado, conta Muszkat, houve variação positiva de R$ 200 milhões decorrente de economia com obras e otimização de prazos.

"Aproveitamos 2016 e, principalmente 2017, para formar nosso banco de terrenos", diz o executivo. Segundo o executivo, a companhia também reforçou sua governança corporativa. A Even reduziu o quadro de pessoal em 40% nos últimos três anos.

O prejuízo líquido da Even cresceu nove vezes no quarto trimestre, na comparação anual, para R$ 234,9 milhões, devido a fatores não recorrentes. Houve baixa contábil de reavaliação de quatro terrenos para venda, com impacto negativo de R$ 40 milhões.

A mudança na metodologia de provisão para contingências teve efeito negativo de R$ 124 milhões no resultado. A maior parte das contingências se refere a ações por atrasos de obras, ocorridos há algum tempo. O resultado foi influenciado também por R$ 23 milhões de provisões para distratos.

A receita líquida da Even aumentou 2% no intervalo, para R$ 403,8 milhões. A margem bruta caiu de 35,1%, no quarto trimestre de 2016, para 21,5% de outubro a dezembro. A Even gerou caixa de R$ 140,6 milhões no último trimestre do ano passado.

FONTE: VALOR ECONôMICO