A presidente-executiva do Santander, Ana Botín, disse que o banco analisa a possibilidade de compra das operações de varejo do Citi no Brasil. Ela reiterou, no entanto, que o banco não precisa fazer a aquisição e que isso acontecerá apenas se fizer sentido financeiro e estratégico.
"Temos a obrigação de analisar todas oportunidades. No ano passado, analisamos o HSBC, mas não fomos nós que compramos", disse a executiva na abertura do XV Encontro Santander América Latina. "São operações 'add on', aquisições pequenas em relação ao tamanho que temos. Pensamos que temos massa crítica para competir em todos países da América Latina e não temos que comprar, somente se fizer sentido financeiro e estratégico."
Para Ana, o Brasil pode ser a principal fonte de resultados do Santander com a saída do Reino Unido da União Europeia. Segundo os últimos resultados apresentados, o Reino Unido representa 23% do lucro líquido da instituição, seguido por Brasil, com 18%, e Espanha, com 15%. "Espero que o Brasil se torne o número um rapidamente. Vai depender de qual taxa de câmbio que estamos lidando. Neste ano, o câmbio no Brasil não nos ajudou, mas nos outros anos esperamos que nos ajude. Agora, o real passa a ser a moeda forte e a libra a moeda fraca", disse.
Para a executiva, o peso da América Latina nos resultados do banco nos próximos cinco anos irá subir. "Alguns países irão compensar outros e esse é o modelo do banco", completa.
A presidente do Santander diz acreditar que o "Brexit" irá afetar a economia do Reino Unido, que deve crescer menos, assim como outros mercados do mundo, mas reitera que a instituição está fazendo tudo o que se comprometeu a fazer. No Brasil, Ana destaca a importância dos investimentos em infraestrutura e afirma que o banco vai disponibilizar US$ 11 bilhões de funding para investimentos nessa área em 2016, 2017 e 2018. Desse total, 49% vai para o Brasil.
"Infraestrutura tem um papel fundamental na melhora da produtividade e no desenvolvimento sustentável. A médio prazo, reduz o custo dos negócios, aumenta o comércio internacional e permite diversificar o modelo produtivo", afirmou.
Questionada sobre a lacuna deixada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como fonte de renda para financiamento de projetos, Ana diz que o Brasil precisa continuar a fazer as reformas necessárias para atrair capital estrangeiro e se financiar. A executiva destaca temas como o fiscal, trabalho e o custo do negócio do Brasil como fundamentais para atrair capital. "Resolver questões como essas seria de enorme ajuda para o crescimento", completa.