O Santander Brasil obteve lucro líquido de R$ 1,884 bilhão no terceiro trimestre deste ano em termos gerenciais, excluindo despesas com amortização de ágio e outros itens não recorrentes. O resultado representa uma alta de 10,3% na comparação com o ganho obtido no mesmo período do ano passado. O lucro líquido societário do banco espanhol no Brasil ficou em R$ 1,436 bilhão conforme as regras contábeis locais e em R$ 2,259 bilhões conforme o IFRS.
Analistas consultados pelo Valor projetavam lucro médio de R$ 1,461 bilhão.
Em termos gerenciais, a margem financeira bruta totalizou R$ 8,267 bilhões entre julho e setembro, com alta de 8,3% em relação ao terceiro trimestre de 2015.
O Santander teve, no entanto, um aumento expressivo nas despesas com provisões para operações de crédito. O resultado líquido de provisões para devedores duvidosos (PDD) foi de R$ 2,837 bilhões nos três meses encerrados em setembro, elevação de 12,8% no trimestre e de 15,9% frente a igual período do ano passado.
As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias subiram de R$ 2,919 bilhões no terceiro trimestre de 2015 para R$ 3,437 bilhões no mesmo intervalo do exercício atual.
Inadimplência - O Santander Brasil reportou um aumento na taxa de inadimplência acima de 90 dias, puxado pelo aumento dos calotes corporativos. O movimento já era esperado por analistas.
O índice de inadimplência acima de 90 dias do banco foi de 3,5% em setembro, ante 3,2% em junho e 3,2% no mesmo período de 2015. Na pessoa jurídica, o índice foi de 2,8% no nono mês de 2016, ante 2,2% em junho e 2,2% em setembro do ano passado.
“A evolução em ambos os períodos foi basicamente decorrente de um caso pontual no segmento de grandes empresas e não reflete uma piora generalizada no segmento”, informa o banco espanhol. Acredita-se que esse caso é a fornecedora de sondas do pré-sal Sete Brasil, que entrou em recuperação judicial no começo do ano.
Na pessoa física, a inadimplência do banco melhorou, encerrando setembro em 4,3%, ante 4,4% em junho e 4,6% um ano antes.
Outro bom sinal para a qualidade dos ativos do banco foi a melhora do índice antecedente de inadimplência, que mede os calotes entre 15 a 90 dias. O índice recuou para 5% em setembro, ante 5,5% em junho e 4,3% em setembro do ano passado.
Nesse caso, chama atenção o fato de a melhora ter sido puxado pela pessoa jurídica, uma vez que o “caso específico”, que no segundo trimestre foi contabilizado nesse montante, agora passou a contar com mais de 90 dias de atraso.
A inadimplência antecedente do banco na pessoa jurídica caiu de 4,2% em junho para 3% em setembro. No mesmo mês do ano passado, estava em 2,4%. Na pessoa física, por outro lado, houve leve deterioração, com o indicador subindo de 6,9% em junho para 7,1% em setembro. Um ano antes, estava em 6,7%.
O índice de cobertura do banco, que mostra a relação entre o saldo de provisões e o saldo de empréstimos inadimplentes, recuou para 198,1% no trimestre, devido também ao grande caso específico do período. Em junho, estava em 209,3%.
Carteira de crédito - A carteira de crédito ampliada do Santander Brasil, que inclui avais, fianças e outras operações com característica de crédito, somou R$ 310,965 bilhões no terceiro trimestre, recuo de 6,3% perante setembro de 2015, mas alta de 0,8% desde o fim de junho, indicando a possibilidade de um início de recuperação dessa atividade.
Deixando de fora avais e fianças, o portfólio ficou em R$ 247,324 bilhões, com alta de 1,2% no trimestre e recuo de 5,6% em relação a setembro do ano passado. O segmento de grandes empresas caiu 15,1% na comparação anual, para R$ 92,940 bilhões, em parte refletindo a variação cambial no período.
A carteira de pessoa jurídica teve queda de13,9% em relação a setembro do ano passado, para R$ 125,016 bilhões. Na comparação com junho, houve alta, de 0,4%.
As operações de pessoa física avançaram 6,8% em 12 meses e 1,9% frente a junho, chegando a R$ 88,440 bilhões no fim de setembro. O segmento foi impulsionado pelas operações de consignado, crédito imobiliário e cartão de crédito, informou o Santander.
A carteira de financiamento ao consumo, com operações originadas fora da rede de agências e constituída majoritariamente por crédito à compra de veículos, aumentou 6% em relação ao fim do segundo trimestre e 0,6% em relação a setembro de 2015, totalizando R$ 33,868 bilhões. Entra na conta R$ 1,7 bilhão referente à incorporação do Banco PSA. Sem isso, a carteira cairia 5,7% em 12 meses e cresceria 0,5% no trimestre.
Receitas de serviços - As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias do Santander Brasil subiram de R$ 2,919 bilhões no terceiro trimestre de 2015 para R$ 3,437 bilhões no mesmo intervalo do exercício atual, um aumento de 17,7%. No acumulado até setembro, tais receitas somaram R$ 9,86 bilhões, o que representa um incremneto de 13,9%, com destaque para as receitas de cartões e de conta corrente.
As receitas com cartões totalizaram R$ 2,89 bilhões no mesmo período, crescimento de 13,6%, “em razão principalmente de maior receita de intercâmbio pelo maior volume de faturamento”, informou o banco.
Já a renda com serviços de conta corrente atingiu R$ 1,88 bilhão, o que representa um incremento de 25,7% no acumulado do ano até setembro, “reflexo da continuidade na melhora da vinculação de clientes e aumento da transacionalidade”.