Na briga por taxas e condições mais atraentes para o crédito imobiliário, o Santander vai lançar, nas próximas semanas, uma nova condição no financiamento de imóveis. A instituição passará a oferecer um prazo de carência para novos contratos. Na prática, o consumidor poderá obter o financiamento e começar a pagar as mensalidades somente seis meses após a assinatura. A modalidade pretende dar um fôlego para quem compra a casa própria e financia essa moradia pela instituição financeira.
O anúncio sobre o lançamento do financiamento com carência foi feito pelo próprio presidente do banco, Sérgio Rial, durante um evento com representantes de construtoras e incorporadoras. Oficialmente, a instituição financeira ainda não anunciou as novas condições, o que deverá ocorrer durante a Black Friday, em novembro. Com isso, a possibilidade de o comprador ter um prazo para começar a pagar as prestações está voltando ao mercado.
O Banco do Brasil, por exemplo, já oferece carência de até seis meses para o mutuário pagar a primeira parcela do financiamento imobiliário, nas linhas do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e da Carteira Hipotecária (CH). A instituição também dá ao cliente a possibilidade de pular uma parcela um mês por ano (escolhido pelo mutuário). Assim, a prestação é diluída no pagamento dos 11 meses restantes do ano.
Queda nos juros - O movimento do Santander ocorre em meio à disputa por taxas mais baixas de crédito imobiliário entre as instituições financeiras. Depois de bancos privados — como Bradesco e Itaú Unibanco — terem reduzido suas taxas crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal também anunciou queda dos juros do financiamento habitacional na semana passada. O corte foi de até um ponto percentual.
Com isso, a taxa mínima para quem é cliente do banco federal caiu de 8,5% para 7,5% ao ano mais Taxa Referencial (TR). A máxima baixou de 9,75% para 9,5% ao ano mais TR.
Bradesco e Itaú reduziram suas taxas para 7,3% e 7,45% ao ano mais TR, respectivamente. O movimento, dizem os bancos, foi possível devido ao novo cenário de juros baixos. A taxa básica da economia, a Selic, está em seu menor patamar histórico: 5,5% ao ano. E pode cair ainda mais até o fim de 2019.
O Santander pratica juros mínimos de 7,99% ao ano. O Banco do Brasil também oferece uma taxa anual de 7,99% para financiamentos em até 35 anos. No entanto, dependendo do tempo de pagamento do imóvel e do perfil do cliente, os juros podem chegar a 7,40% ao ano.
Otimismo no setor - Com estoques ainda altos e preços em queda, as novas taxas de juros e condições facilitadas de financiamento animam o mercado. Sanderson Fernandes, diretor da construtora e incorporadora Avanço Realizações Imobiliárias, avalia que o movimento pode impulsionar a retomada dos negócios e incentivar consumidores e investidores:
— A concorrência é fundamental para voltar ao ciclo de investimentos. Clientes que até pensavam em fazer distratos agora já voltaram a contratar financiamentos — ressalta Fernandes.
Do lado do consumidor, a carência pode ser uma oportunidade de fôlego e de planejamento de gastos. Marcel Galper, gerente de Vendas da Precisão Administradora de Imóveis, lembra que a aquisição de uma moradia gera despesas com cartório e impostos:
— Além disso, com uma carência de seis meses para começar a pagar, o comprador poderá pensar em fazer reformas e obras, ou mesmo mobiliar a casa ou o apartamento — lembra Galper.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o total de créditos concedidos este ano chegou a R$ 47,1 bilhões, de janeiro a agosto — volume 31,4% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.