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13/03/2019

São Paulo: Lançamento de imóveis sem garagem cresce 265% em 4 anos com mudanças na mobilidade

O mapa do transporte paulistano vem mudando ao longo dos últimos anos. Além do transporte público, a população passou a adotar modalidades alternativas

O mapa do transporte paulistano vem mudando ao longo dos últimos anos. Além do transporte público, a população passou a adotar modalidades alternativas. Primeiro foram as bicicletas, compradas ou alugadas por corrida. Desde o ano passado, patinetes elétricos têm se tornado mais e mais comuns. Com um leque mais amplo de modalidades, o paulistano passa a depender menos do carro — e os reflexos disso começam a aparecer pelo desenho urbano da cidade. Uma prova substancial são os prédios sem garagem em bairros com acesso à malha de transporte público.

Uma pesquisa realizada pelo Grupo ZAP a pedido de Época NEGÓCIOS comprova: entre 2014 e 2018, houve aumento de 265% no número de empreendedimentos sem garagem lançados na capital paulista. Em números brutos, o salto foi de 23 para 84 lançamentos. A maior aceleração se deu entre 2017 e 2018, quando o quantidade de lançamentos passou de 53 para 84, uma alta de 58%.

Na avaliação de Sérgio Castelani, economista do Grupo ZAP, o lançamento de imóveis sem estacionamento reflete a mudança do estilo de vida do paulistano. "A sociedade está menos apegada a questões materiais e quer aproveitar melhor o tempo. O resultado disso é que as pessoas  preferem investir em imóveis menores e próximos do trabalho do que em modelos grandes que exijam uso do carro", explica.

O próprio economista é exemplo das mudanças nos hábitos de mobilidade da cidade de São Paulo. Castelani conta que vendeu o carro recentemente e comprou um apartamento em um prédio sem garagem na região da Consolação (na região central de São Paulo) para economizar no valor do imóvel e nos gastos com combustível. "Agora vou trabalhar a pé. O carro está perdendo o seu valor", destaca Castelani.

Imóvel de rápida locação - Apesar de estarem em alta, os imóveis sem garagem chegam a custar 20% menos do que os tradicionais com vagas para carros — atraindo não só quem quer comprar um apartamento mais acessível mas também quem deseja investir em um espaço de rápida locação, indica Luiz Paulo Silveira, vice-presidente técnico da Apsis Consultoria Imobiliária. "A ausência de garagem é uma das características que mais barateia um imóvel, junto com a falta do elevador", pontua o especialista.

O levantamento do Grupo ZAP corrobora a estimativa de Silveira. Enquanto o metro quadrado de um apartamento com garagem na Bela Vista custa R$ 9.610, a metragem de um imóvel sem garagem na mesma região cai para R$ 7.420 — uma queda de aproximadamente 23%.

Os bairros com maior número de oferta de apartamentos sem vagas nos 12 meses, segundo a pesquisa, foram Bela Vista, Consolação, Vila Buarque, Centro e Vila Mariana. É importante notar que todos têm fácil acesso a diferentes modalidades de transporte público, principalmente o metrô.

"Antes de abrir mão da garagem, o morador precisa ter certeza de que seu novo imóvel está a pelo menos 800 metros de algum metrô, trem ou ponto de ônibus. Não adianta o apartamento ser barato, se a pessoa não consegue sair de casa", alerta o consultor da Apsis.

Além da acessibilidade, Silveira também indica o morador a verificar se há muitos imóveis à venda na região — o que pode indicar um problema no bairro — e pesquisar se há estacionamentos pagos na vizinhança para colegas e familiares.

FONTE: ÉPOCA NEGóCIOS