Heraldo Vaz
Os cortes no preço dos imóveis novos são arma para tentar conquistar clientes. “Existe uma super oferta, resultado de empolgação generalizada”, afirma o diretor regional do Secovi na Baixada Santista, Carlos Meschini. Ele defende que o momento é bom para fazer negócio. “Quem tiver dinheiro, vai se dar bem.”
Fechado em junho, o último balanço do Sindicato da Habitação (Secovi) sobre a Baixada Santista mostra que as quatro cidades da região acumularam estoque de 5,8 mil apartamentos, dos quais 2,8 mil em Santos. O preço médio, registrado pelo estudo, ficou na faixa de R$ 7,5 mil por metro quadrado.
As grandes construtoras dão descontos de 20% a 30%, declara o diretor do Secovi. “Hoje o que está vendendo sai por R$5,5 mil ou R$ 6 mil o metro.”
Segundo ele, esse é o valor pratica do em Santos ,onde ocorreu um boom de lançamentos em 2013. Meschini nega que o setor esteja parado. “Isso não acontece quando o mercado tem tanta oferta”, atesta. “Todo mundo está fazendo feirão.”
Saldão - No final de semana passada, a Abyara Brasil Brokers realizou o Vitrine de Ofertas, em Santos, com mais de 500 imóveis em construção ou prontos para morar. A promoção contou com prédios comerciais e residenciais da Helbor, Living/Cyrela, Nabor e Hoga, entre outras empresas. Duas semanas antes, foi a vez da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) fazer queima de estoque, oferecendo descontos e facilidades para seus produtos.
O evento da Abyara reuniu praticamente todas as tipologias, desde estúdio até quatro dormitórios, além de conjuntos comerciais em Santos e São Vicente, diz o presidente da imobiliária, Bruno Vivanco.
“Só não teve hotel”, pondera, informando que os preços eram na faixa de R$ 4 mil a R$ 8 mil por m². Ele citou, como um dos exemplos de oportunidade, o Way Orquidário, da Cyrela. Trata-se de um condomínio-clube, composto por cinco torres de apartamentos, com dois e três quartos, de 62m² a 84m².
Robert Michel Zarif, da consultoria especializada em mercado imobiliário que leva seu nome, é autor do levantamento sobre a Baixada Santista feito em parceria com o Secovi. Para ele, o alto número de unidades à venda afeta o mercado de Santos e a formação de preços dos lançamentos. “É um problema, reforçado pela baixa velocidade dos negócios por conta da crise na economia e do corte de investimentos da Petrobrás”, diz.
O estoque de 2,8 mil apartamentos representa um período de28meses de venda, tendo como base o próprio levantamento feito por Zarif e pelo Secovi, que aponta o total de 3,8 mil imóveis comercializados em Santos nos últimos três anos – em média, 105 por mês.
A explosão de novos empreendimentos, segundo Zarif, foi detonada pela ideia de que Santos seria o polo de investimentos da Petrobrás com o pré-sal. De um ano para outro, o número de lançamentos cresceu 187%, passando de 2,9 mil para 8,3 mil imóveis. Agora, a queda foi de 60%.
Ranking - O mercado imobiliário da Baixada Santista, segundo o Anuário da Lopes, chegou a ser o sexto maior do Brasil em 2013, quando foram lançados 59 empreendimentos, somando 67 torres residenciais.
A previsão era de que chegariam à cidade 6 mil funcionários da Petrobrás, mas a estatal inaugurou apenas um prédio, suspendeu a construção de outros dois e cortou os investimentos.
“A realidade é que lançaram mais que o mercado pode absorver”, analisa Zarif, lembrando que a população de Santos “faz muito tempo” que está abaixo de 450 mil habitantes. As quatro cidades juntas somam 1,3 milhão.
A Baixada Santista, segundo o diretor do Secovi, enfrenta a mesma situação de alto volume de estoque existente em São Paulo. “Mas tem uma população muito menor que a da capital”, argumenta Meschini.
Para o presidente da Abyara, o mercado local teve grande expansão porque “Santos virou queridinha” dos investidores. “As incorporadoras produziram muito”, diz. “Santos era vista por todos com perspectiva de crescimento muito forte, principalmente por causa do pré-sal.”