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14/05/2019

Secovi-SP vê redução na procura por imóveis

Em janeiro, a entidade estimava que lançamentos e vendas teriam, neste ano, volume semelhante ao de 2018, com Valor Geral de Vendas (VGV) comercializado de 5% a 10% maior

As incertezas em relação à reforma da Previdência e a queda da confiança começam a se refletir no mercado imobiliário paulistano de média e alta renda, segundo o presidente do Secovi-SP, Basílio Jafet. Em janeiro, a entidade estimava que lançamentos e vendas teriam, neste ano, volume semelhante ao de 2018, com Valor Geral de Vendas (VGV) comercializado de 5% a 10% maior. "Já estamos em dúvida se conseguiremos atingir esse patamar", afirma Jafet.

A entidade ainda não consolidou os números de vendas de abril, mas as visitas aos plantões caíram desde o mês passado, de acordo com o representante setorial. "O mercado continua bem, mas a sensação é que, nas últimas semanas, começou a perder ritmo de vendas", afirma o presidente do Secovi-SP.

Na avaliação de Jafet, houve diminuição das expectativas em relação ao novo governo em relação à aprovação das reformas. "A reforma da Previdência precisa ser aprovada e tem de ser a de economia de R$ 1 trilhão, em dez anos, para, praticamente, zerar o déficit. Se o Brasil não equilibrar as contas, o investimento não vem", afirma o presidente do Secovi-SP.

Na ponta da oferta, a preocupação de Jafet é que o ritmo de lançamentos seja reduzido à medida que os projetos que seguem as regras do Plano Diretor anterior forem apresentados. "Esses projetos estão acabando. Nos empreendimentos enquadrados no novo Plano Diretor, as contas não estão fechando", afirma o presidente do Secovi-SP. O setor propôs ajustes à Lei de Zoneamento do município.

"O ritmo de lançamentos deve diminuir enquanto não houver calibragem do zoneamento. O projeto continua na Secretaria Municipal de Urbanismo e precisa ser mandado à Câmara dos Vereadores", diz Jafet.

Em relação a empreendimentos enquadrados no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, o presidente do Secovi-SP diz que, devido às incertezas em relação à disponibilidade de recursos, os lançamentos de projetos das faixas 2 e 3 podem ficar aquém do inicialmente previsto.

O representante setorial ressalta que a recuperação do mercado imobiliário de São Paulo começou em outubro, com "um pequeno soluço em janeiro". Em março, as vendas de unidades residenciais novas, na cidade de São Paulo, chegaram a 2.987, com alta de 14,3% na comparação anual e de 37,3% ante o volume comercializado em fevereiro. Nos 12 meses encerrados em março, houve expansão de 15,8%, para 30.961 unidades.

O VGV comercializado cresceu 1,6% ante março, para R$ 1,24 bilhão e 32,6% em relação a fevereiro, segundo o Secovi-SP. Para efeito de comparação, os valores foram atualizados pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-DI) de março.

Dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) divulgados pelo Secovi-SP apontam lançamento de 2.081 unidades residenciais, em março, com alta de 32,9% ante o mesmo mês do ano passado e de 139,2% em relação a fevereiro. A expansão dos lançamentos em 12 meses foi de 19,8%, para 37.706 unidades.

No fim de março, havia 20.376 unidades em oferta na capital paulista, o correspondente a 6,82 meses de vendas, se considerado o volume comercializado em março.

A Cyrela, principal incorporadora com atuação no segmento de média e alta renda, teve forte desempenho operacional no primeiro trimestre. Na sexta-feira, o diretor financeiro da companhia, Miguel Mickelberg, afirmou que o ritmo de vendas continua bom no segundo trimestre. A incorporadora fez lançamentos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Porto Alegre. "A velocidade de venda de estoques continua satisfatória", acrescentou.

Questionado se há reflexos nas vendas da recuperação da economia mais lenta do que se esperava, o executivo da Cyrela disse que há uma demanda reprimida por imóveis. "Se a recuperação da economia não vier, vamos sentir os reflexos em algum momento", disse. A Cyrela pretende ter lançamentos em São Paulo "levemente superiores" aos do ano passado. Parte dos projetos previstos para 2019, na capital paulista, foi protocolada nos moldes do Plano Diretor anterior, e outra parcela se enquadra na nova legislação

FONTE: VALOR ECONôMICO