O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou explicar que a taxa Selic em 2,00% ao ano está muito próxima de seu limite inferior, o que levou a autoridade monetária a utilizar um forward guidance nas decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) desde agosto. Ele citou todas as medidas tomadas pelo governo durante a pandemia e repetiu que nem todo o espaço de crédito disponibilizado pelos bancos durante a crise já foi tomado por famílias e empresas.
“Temos 3 objetivos básicos: manter sistema líquido, funcionamento do mercado e fazer recursos chegarem onde precisa”, reforçou Campos Neto, em palestra na 3ª Conferência Anual da América Latina, organizada pela Chatham House e pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF).
O presidente do BC mais uma vez citou a recuperação “forte” da econômica brasileira, em forma de um V, que deve se suavizar daqui em diante. “Em 2019 estávamos reinventando a economia com mais participação privada, vendendo ativos estatais, reduzindo subsídios e aumentando o crédito pelo setor privado. Mas veio a pandemia de covid-19 e o Brasil respondeu de maneira intensa”, completou.
Campos Neto admitiu que o risco fiscal preocupa, mas argumentou que o governo tomou as medidas que eram necessárias para atravessar a crise. “Queremos retomar o nosso plano inicial para aumentar o investimento privado, e para isso precisamos temos que restaurar a credibilidade e isso está muito ligado à situação fiscal. Por isso precisamos achar espaço dentro do orçamento para as medidas necessárias”, acrescentou.
Tecnologia na pandemia
O presidente do Banco Central repetiu também que era importante para autoridade monetária que a tecnologia de finanças se acelerasse durante a pandemia e citou a participação de aplicativos de texto e produtores de conteúdo na oferta de serviços financeiros. “Começamos a operar hoje o PIX, com 72 milhões de chaves registradas. Isso é maior do que o que qualquer outra rede social conseguiu fazer no Brasil”, reiterou.
Campos Neto também apontou a dimensão de sustentabilidade das ações do BC, repetindo a avaliação de que a recuperação da economia global após a pandemia de covid-19 deverá ser sustentável e inclusiva.
Autonomia do BC
O presidente do Banco Central avaliou ainda que a aprovação da autonomia do BC pelo Senado há duas semanas foi um primeiro passo importante. “Acredito que o projeto está pronto para ser avaliado pela Câmara dos Deputados. Acho que não há muitos pontos a serem mudados no texto. Estamos conversando com parlamentares para mostrar a importância do projeto”, afirmou. “O momento da votação da autonomia do BC será definido pelo Congresso”, completou.