A Patrimar, empresa mineira que atua nos ramos de construção e incorporação de imóveis, quer estrear na Bolsa, mas não tem pressa. Cerca de três anos após recuar do protocolo para uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na B3, o grupo continua vendo a ideia com simpatia, mas tem conseguido executar o plano que apresentou aos investidores mesmo sem ter aberto o capital. Com o caixa confortável e números robustos na operação, a Patrimar deve esperar pelo momento em que o mercado estiver disposto a pagar o melhor valor possível para então colocar os pés no mercado de ações, o que não necessariamente acontecerá neste ano para o setor imobiliário.
A companhia atua em todos os segmentos, desde baixa até alta renda, inclusive dentro do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), com a bandeira Novolar. As operações estão focadas principalmente nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte e do Rio de Janeiro.
O diretor de Finanças e de Relação com Investidores da Patrimar, Felipe Enck Gonçalves, afirma que um IPO serviria para acelerar o ritmo de crescimento da empresa, mas que hoje não é necessário para financiar o plano estratégico. No ano passado, a Patrimar lançou o equivalente a R$ 1,9 bilhão em 15 empreendimentos, e vendeu R$ 1,5 bilhão, o maior volume de sua história. Neste ano, o desempenho deve ser parecido, mesmo com a esperada desaceleração da economia.
Empresa mantém registro na CVM
Em 2020, a Patrimar chegou a protocolar um pedido de oferta, em meio a uma onda de estreias de incorporadoras na B3 diante da queda dos juros, que estimulou não só a renda variável, mas também as vendas de imóveis. Acabou desistindo diante do fechamento da janela de mercado, mas manteve o registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o que permite captar recursos através de instrumentos como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e, eventualmente, relançar o IPO.
Segundo Gonçalves, a empresa pretende fazer uma oferta grande, que dê liquidez aos papéis no mercado secundário. Para isso, é necessário que o mercado esteja mais disposto a comprar ações do setor, que tem dezenas de empresas listadas. “As empresas listadas precisam evoluir de preço para que o investidor precise de algo novo”, diz ele.
Até aqui, a Patrimar tem conseguido executar os planos de crescimento por meio dos próprios resultados e das captações via renda fixa. O diretor afirma que o plano de crescimento apresentado ao mercado em 2020 foi cumprido mesmo sem a captação que a companhia esperava fazer. Entre setembro de 2022 e o mesmo mês do ano passado, a empresa teve lucro de R$ 70 milhões e receita líquida de R$ 1,2 bilhão.