Em 2021, o Produto Interno Bruto (PIB) da construção civil cresceu 9,7%. Em 2022, a alta foi de 6,9%. Em 2023, o aumento registrado até o mês de julho foi de 1,5%. Apesar da velocidade menor neste ano, a expectativa ainda é positiva. É isso que afirma Ieda Vasconcelos, economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em palestra no Construsummit, evento realizado pela Softplan que reúne profissionais do mercado imobiliário para debater tecnologias e inovações para o setor.
“Há mais de 13 anos, a construção não crescia três anos consecutivos. Hoje, mês a mês, o setor vem registrando números positivos”, complementa Ieda em painel onde analisou a conjuntura econômica setorial da construção civil no Brasil.
Para a economista, a queda no ritmo de crescimento é reflexo de movimentos econômicos que aconteceram no País nos últimos anos. Ieda destaca, por exemplo, a retirada contínua de investimento da poupança nacional, maior captador de recursos para o crédito imobiliário no País.
De acordo com o Banco Central, só nos primeiros seis meses de 2023, a caderneta de poupança brasileira perdeu R$ 66,6 bilhões. O valor compreende a diferença entre os depósitos e saques realizados no período. “Menos recursos disponíveis para financiamento imobiliário significa mais prejuízo para a construção civil”, diz Ieda.
Apesar disso, a especialista indica que a expectativa para o futuro é positiva. “A construção já criou 25.423 postos de trabalho com carteira assinada. Apesar do resultado ser inferior ao mesmo período dos últimos dois anos, o número ainda é o maior desde 2012. E desde a pandemia, foram criadas mais de 600 mil novas vagas. Não significa que estamos numa situação confortável, mas o cenário é otimista.”
A diminuição na taxa de crescimento do setor, segundo Ieda, é reflexo da alta taxa de juros vivida pelo País nos últimos anos. Na visão de empresários da construção civil, aliás, esse é o principal problema enfrentado pelo setor (40,8%). De acordo com a Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria, o item está à frente de questões como carga tributária (28,3%), burocracia excessiva (26,4%) e falta ou alto custo de trabalhador qualificado (21,6%).
A redução da taxa básica de juros, a Selic, saindo de 13,75% para 13,25%, em agosto, e ainda com a previsão de que o número diminua mais, sinaliza um caminho esperançoso para o setor. Além disso, há também as mudanças de subsídio e faixas de renda no Minha Casa Minha Vida (MCMV). “Esperávamos uma alta no MCMV de 0,2% no segundo trimestre. Ao invés disso, o crescimento foi de 0,7%”, diz Ieda. “A orientação é continuar investindo. O Brasil não cresce de forma sustentada de norte a sul do País, precisamos investir na construção civil”, finaliza.