A projeção para as vendas da indústria de materiais de construção no País foi elevada de 3% para 4,5% em 2024, principalmente em função do crescimento acima do previsto da economia brasileira como um todo.
Os números são deflacionados e calculados pela Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV). A divulgação foi feita em primeira mão para o Broadcast.
Esta é a segunda vez que o setor aumenta a sua previsão de vendas, que começou o ano em 2% e já havia sido reajustada para 3% em junho.
“A indústria de materiais é muito ligada à economia nacional. Com o desempenho do PIB maior que o esperado, nós tivemos essa revisão no setor”, afirma o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro.
Em setembro, as vendas da indústria de materiais tiveram um pico de crescimento de 10,3% na comparação com o mesmo do ano passado, segundo levantamento da Abramat e da FGV. Já as vendas no acumulado deste ano subiram 5% em relação aos mesmos meses do ano passado “Tem até uma chance de nós ficarmos um pouco acima da previsão de 4,5% no ano inteiro”, indicou Navarro.
O desempenho positivo é puxado, principalmente, pelas vendas de itens de acabamento, com alta de 8,4% nas vendas no ano. Entram aí tintas, revestimentos, louças, pedras, entre outros artigos. Por sua vez, as vendas de itens de base, como vergalhão, cimento, tijolos, entre outros, tiveram crescimento na ordem de 3,0%.
O presidente da Abramat observou que há uma demanda bastante forte de materiais originada nas construtoras que erguem prédios residenciais. As vendas e os lançamentos de apartamentos têm avançado no País, especialmente no segmento do Minha Casa Minha Vida (MCMV). “As obras residenciais que estão bombando. E tem também as obras de infraestrutura, que seguem mais lentas, mas ainda assim estão acontecendo”, apontou Navarro.
Outro destaque positivo tem sido a reação do consumo de materiais no varejo, o que está relacionado a famílias que fazem reformas ou pequenas construções. Este segmento foi favorecido ao longo do ano pelo nível recorde de emprego e inflação moderada e queda nos juros. “Sobrando um dinheirinho, as famílias aproveitam para dar uma ‘guaribada’ na casa. É um consumo pequeno por família, mas o efeito no todo é muito grande”, disse.
Um terceiro fator a aquecer as vendas de materiais foi o estrago provocado pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo o presidente da Abramat, há necessidade de materiais tanto para reformas imediatas quanto para reconstruções de casas, avenidas, pontes, rodovias, entre outras obras. “Isso ainda está no início, mas sabemos que tem algum peso. Serão dois a três anos de demanda seguida, com bilhões de reais de injeção de capital. É um incidente lamentável e que vai demandar muito material”.
Alta dos juros pode ser negativa para as vendas de materiais de construção
Com a inversão no ciclo e a retomada da elevação dos juros no País, a expectativa é que o consumo de materiais pelas famílias sofra algum impacto negativo, uma vez que as vendas costumam ser feitas via liberação de crédito.
Ainda assim, o clima na indústria permanece ‘otimista, com cautela’, disse Navarro, reiterando os demais efeitos positivos do crescimento do PIB. Para 64% dos empresários da indústria, a expectativa é de vendas boas ou muito boas nos próximos meses, segundo pesquisa da Abramat. Outros 36% dizem esperar vendas regulares, e ninguém disse esperar piora.
O levantamento também apurou que os mesmos 64% dos empresários pretendem investir nos próximos 12 meses, dos quais metade fará aportes na modernização das fábricas e a outra metade pretende expandir a capacidade de produção. Atualmente, a indústria de materiais tem 79% de uso da sua capacidade instalada, o maior patamar em mais de um ano.