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13/05/2020

Setor imobiliário sente reflexos da pandemia no interior de SP e busca alternativas

Queda nas vendas de imóveis usados chegou a 60% em Sorocaba (SP); imóveis novos sofreram impacto ainda maior, de quase 100%, avalia diretor regional do Secovi.

A pandemia do coronavírus afetou praticamente todos os setores da economia brasileira, inclusive o imobiliário, que ainda vinha se recuperando de crises anteriores. Com o isolamento social e fechamento de serviços não essenciais, esse mercado sente os reflexos e busca alternativas para contornar a queda nas vendas e locações.

Para driblar os plantões fechados, uma construtora de Sorocaba (SP), por exemplo, buscou novas ferramentas de atendimento, como o Zoom, Skype e Google Hangouts. Além disso, agora os clientes têm a opção de fazer tours virtuais pelos empreendimentos no conforto de sua casa.

A gerente de marketing da construtora sorocabana, Yulli Bambirra Assunção, conta que a empresa também encontrou uma maneira de continuar realizando seus eventos, que antes contavam com a presença do público, e hoje são promovidos a distância.

"É o caso dos meetings de vendas, que passaram a ser transmitidos virtualmente a imobiliárias e corretores parceiros a fim de que a força de vendas da construtora não pare. Plantões de vendas continuam funcionando, mas com atendimento agendado e individualizado, obedecendo as diretrizes estabelecidas pela Prefeitura de Sorocaba", conta.

Os plantões de vendas sofreram o maior impacto, em contrapartida as obras em andamento não foram paralisadas. "Além de termos entregue uma obra no mês de abril e termos mais 2 entregas para este ano, uma delas em maio, estamos trabalhando para lançar três novos empreendimentos em 2020", afirma Yulli.

 

Queda nas vendas

Mesmo com as ações das empresas do setor, os resultados previstos para o mercado este ano serão prejudicados e ficarão bem abaixo da expectativa. É o que avaliou o diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi) em Sorocaba, Guido Cussiol Neto, em entrevista ao G1.

"O mercado de imóveis usados teve um impacto de mais de 60% na queda das vendas, em relação a janeiro e fevereiro. Com relação ao ano passado, a queda foi de 30% a 40%. Já os imóveis novos sofreram um impacto absurdo, praticamente não houve vendas devido aos plantões fechados", explica Guido.

De acordo com o diretor, o setor imobiliário na região vinha apresentando sinais de recuperação antes da pandemia, com fatores favoráveis como a baixa taxa de juros e inflação, mas dependente da melhora na renda das pessoas. Com a chegada do coronavírus ao País, houve reduções salariais e demissões, agravando esse terceiro fator.

"Hoje vamos voltar no quadro que se encontrava em 2017, 2018, com taxas baixas, porém não fechando o tripé da renda. Vai se agravar a questão do desemprego e as pessoas que estão no mercado com certeza terão vantagem na negociação de aluguel e compra de imóveis. Mesmo tendo aumento na produção, oferta estará maior que a demanda", avalia.

Além da queda nas vendas no período da pandemia, a corretora de imóveis Andreza Carraro também notou uma mudança no comportamento dos consumidores. "A gente trabalha muito online, mas pararam os contatos, telefonemas e visitas por uns 15 ou 20 dias. Depois retomou, não como antes, mas as pessoas estão procurando. Porém com uma mudança de comportamento. Acho que o mercado está mais especulador do que comprador", diz.

 

O diretor do Secovi em Sorocaba pondera: "Os preços [dos imóveis] devem se manter, com uma tendência de queda devido à oferta. Os imóveis hoje já não estavam num patamar elevado, já vinham com preço abaixo. Futuramente, se a questão econômica melhorar, deve haver a manutenção nos valores". 

FONTE: G1