A plataforma de crédito imobiliário Credihome by Loft aponta que, entre seus usuários, apenas 14,5% fez o uso dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na hora de comprar um imóvel. A compra do bem é uma das possibilidades para ter acesso ao dinheiro do fundo, que só pode ser utilizado em determinadas circunstâncias.
Para muitas pessoas, o valor do FGTS é o suficiente para dar entrada no financiamento do imóvel e parcelar o restante da dívida no longo prazo. O levantamento, que agrega dados do primeiro semestre de 2022, leva em consideração somente os clientes da plataforma, entre os quais a maioria dos que fecham negócio pertencem as classes A e B.
Esta seria uma das explicações do porquê de um uso tão baixo do recurso. Para este público, algumas das regras do uso do FGTS podem não ser atendidas. Não é possível, por exemplo, usar os recursos do fundo se você já possuir um outro imóvel na cidade onde você mora. Ou se o bem for superior a R$ 1,5 milhão.
“O fato de não utilizarem o FGTS mostra que estes clientes são pessoas com um poder aquisitivo maior e que contam com um planejamento financeiro muito bem estruturado. Isto é, querem manter a reserva para futuramente resolver outras pendências ou até mesmo usar o recurso durante a aposentadoria”, afirma o executivo.
Apesar da queda de renda da população, aumento dos preços dos imóveis e o encarecimento do financiamento imobiliário, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) registrou volume acima na média de crédito garantido para compra de imóveis no primeiro semestre de 2022. Parte disso, se deve a programas de habitação popular. A outra parte, possivelmente, ficou com a alta renda, que não perdeu tanto poder de compra no período.
“Com exceção dos programas habitacionais populares, seja ele federal ou estadual, o comportamento de não utilização do FGTS na aquisição de um imóvel vem crescendo ao longo dos anos e deve se concretizar ainda mais com o passar do tempo, visto que cada vez mais pessoas enxergam o recurso como uma reserva para o futuro”, avalia o chefe de Produtos Financeiros da Credihome by Loft, Rafael Costa.
Especificamente dentro da Credihome, houve um aumento de 48,4% no volume total de negociações de crédito imobiliário no primeiro semestre deste ano frente ao mesmo período de 2021.
Para as condições do mercado favorecem a procura. Embora a taxa básica de juros (Selic) tenha saído de 2% para 13,75% em 18 meses, as taxas do crédito imobiliário subiram mais lentamente.
“As pessoas se assustam muito com a subida da Selic. Mas a maioria delas passaram a entender que a base conceitual e econômica do crédito imobiliário vem da poupança, que possui uma taxa de remuneração limite (6,17% + TR). Ou seja, quando a Selic estava em 2%, a poupança rendia 1,4%", afirma.
"À medida que a Selic subiu e passou de 8,5%, a caderneta atingiu o teto de 6,17% + TR, em conformidade com a regulamentação. Com isso, as taxas do crédito imobiliário, que há um ano estavam entre 7% e 7,5%, hoje estão em torno de 9,5% ao ano, o que ainda deixa as condições bastante vantajosas para o cliente final”, completa o executivo.
Matéria publicada em 24/08/2022