Em painel no Incorpora, fórum da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), realizado nesta terça-feira (24), em São Paulo, o fundador da MRV, Rubens Menin, destacou que a taxa de juros real em 7,5% ao ano impede uma indústria competitiva no país e é “o grande inimigo do setor”. Ele criticou a forma pela qual a política monetária nacional tem sido conduzida.
“Sou favorável ao Banco Central independente, mas acho que tem certo ‘empirismo’ na decisão do BC”, disse. Ele analisou que o discurso monetário do país não vai bem, e que, ao pressionar para reduzir a demanda do mercado, a oferta também pode cair.
“Primeiro, descemos os juros com rapidez maluca, não podiam ter chegado a 2%”, disse. “Fizemos igual ao governo Dilma, descemos erradamente”. Depois, disse Menin, o aumento de juros também ocorreu com “rapidez maluca”, o que resultou em “discurso errático”.
Apesar dessa questão, o empresário se disse otimista com o setor e o país, mas ressaltou que poderia ser “muito melhor” do que está hoje, com mais consumo de residências, aço e concreto.
Menin afirmou que a indústria imobiliária ainda vai se beneficiar de uma troca mais frequente de residências. Enquanto uma casa, no Brasil, dura 90 anos, nos Estados Unidos, a vida útil seria de 45 anos. “A partir do momento que o país enriquece, a casa própria passa a durar menos”, disse.
O fundador da MRV dividiu o painel com Elie Horn, fundador da Cyrela. Horn destacou que, se o mundo está difícil hoje, para os negócios, “já foi pior”, e que dominar o fluxo de caixa da empresa é o seu maior conselho para conseguir crescer.
Questionado sobre a escassez de mão de obra no país, Menin afirmou que a situação é pior em São Paulo, mas que essa falta de profissionais para as obras deve impulsionar o setor a buscar mais tecnologia e se tornar mais eficiente. “Não é problema, é solução”.