O presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs), Fernando Chacon, afirmou que os primeiros financiamentos com o novo parcelado dos cartões devem ser feitos em maio. É a partir daí que o impacto das mudanças na regra do rotativo deve começar a ser percebido. "As taxas devem ser reduzidas a partir das primeiras semanas de maio e veremos uma convergência a partir da segunda semana."
Nessa nova modalidade de financiamento, o saldo do rotativo será convertido em parcelado após 30 dias. O executivo ponderou, no entanto, que é possível que a taxa do rotativo em atraso (anterior aos 30 dias) não mexa. O restante deve cair com o novo produto.
A Abecs discute ainda mudanças na precificação de transações de valores mais altos. Uma possibilidade é que, além da cobrança ao lojista com base em um percentual sobre a transação, possa haver uma tarifa fixa por operação no caso de compras de valor alto.
O diretor de política monetária do Banco Central, Reinaldo Le Grazie, disse que o modelo hoje baseado em percentual sobre o valor da transação interfere na receptividade do cartão como meio de pagamento pelo comerciante. "Ao menos para os cartões de débito, que têm prazo de pagamento curto, essa questão merece ser revista."
Le Grazie lembrou ainda que, recentemente, foram anunciadas medidas para reduzir o custo integrado da indústria de cartões. Ele citou a centralização da liquidação financeira das transações feitas com cartões em uma câmara única, o que deve ocorrer até o dia 4 de setembro. Le Grazie afirmou também que o regulador e a indústria trabalharam juntos na mudança do rotativo do cartão - medida, segundo ele, de cunho prudencial que gerará redução de risco e de custo para os consumidores, assim como a medida provisória que possibilita a diferenciação de preços em função de instrumento de pagamento. "Tais medidas visam maior eficiência do mercado e pagamentos com estímulo à participação de novos entrantes", disse.
O diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, disse que o BC está atento aos subsídios cruzados existentes na indústria de cartões, mas afirmou que não vai fazer nenhuma mudança brusca que cause algum tipo de ruptura no modelo. "A mensagem que o BC gostaria de passar é que isso é um ponto de reflexão, mas o regulador não vai fazer mudança brusca", afirmou. Segundo Damaso, é importante que indústria e regulador encontrem um ponto de equilíbrio. As mudanças, reforçou Damaso, estão na agenda do Banco Central.
A Abecs prepara uma nova ferramenta para monitorar os juros da indústria de cartões. A ideia é apresentar a taxa média ponderada cobrada pelas maiores instituições que atuam no segmento. Serão divulgadas as taxas do parcelado com juros do banco, o parcelado da fatura do cartão, o novo parcelado automático oferecido após 30 dias de rotativo, taxas de saques parcelados, de crédito pessoal, de renegociação e de pagamento de contas. O objetivo, disse Chacon, é dar mais transparência e permitir um melhor acompanhamento do setor. O grupo de emissores participantes é composto pelos maiores bancos: Itaú, Bradesco, Santander, Citi, Banco do Brasil e Caixa.
Segundo Chacon, a associação deve começar a divulgar as taxas ao público a partir de abril. A periodicidade ainda não está definida, mas, pelo menos a princípio, deve ser semanal.