Após oito anos sem lançamentos no Jardim das Perdizes, megaempreendimento da Tecnisa e da Hines na capital paulista, a incorporadora voltou a divulgar um novo projeto no local e tem planos para retomar os lançamentos com mais força em 2023. O Jardim das Perdizes já tem 13 torres, mas ainda faltam outras 16 para completar seu desenho original.
Uma decisão judicial deu o impulso necessário para essa retomada. No último dia 28, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo julgou improcedente uma ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Ministério Público, que impedia a vigência da lei municipal 17.561/2021.
Essa lei revisou a Operação Urbana Consorciada Água Branca, onde está localizado o Jardim das Perdizes, e determinou que o preço mínimo dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) residenciais na região deve ser de R$ 900. Até então, a precificação dos Cepacs deveria ter como base o valor realizado no último leilão.
A venda anterior de Cepacs na operação Água Branca foi feita em 2015, quando o valor mínimo ficou em R$ 1.548. No entanto, naquela ocasião a prefeitura colocou 50 mil títulos residenciais à venda e apenas 6 mil foram comprados. O preço dos certificados foi considerado alto demais pelos potenciais compradores. “Não dava mais viabilidade para construir”, diz Fernando Perez, presidente da Tecnisa.
O movimento do Tribunal de Justiça do Estado vai permitir que a prefeitura volte a realizar o leilão de Cepacs, o que, por sua vez, vai viabilizar a retomada dos lançamentos no Jardim das Perdizes. “Para nós, é vital”, afirma o executivo. Ele explica que a empresa aguarda a oportunidade de comprar Cepacs há sete anos e precisa de 200 mil títulos para finalizar o projeto.
A decisão do Tribunal de Justiça foi comemorada por entidades do setor imobiliário do Estado. Nota divulgada pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliáras (Abrainc) afirma, por exemplo, que “vencem a cidade de São Paulo e os paulistanos”. Ainda cabe recurso à decisão do TJ, mas isso não impede que a prefeitura se organize para retomar a operação.
A expectativa de Perez é que um novo leilão para a Água Branca seja realizado em três ou quatro meses. O desembolso da Tecnisa com os Cepacs deverá ser de, pelo menos, R$ 200 milhões, se conseguir comprá-los no valor mínimo. Segundo o executivo, o VGV (valor geral de venda) das torres que ainda serão lançadas deve chegar a R$ 3,5 bilhões. A incorporadora tem mais 67 mil metros quadrados para construir.
Em nota, a secretaria de Urbanismo e Licenciamento da Prefeitura de São Paulo informou que está trabalhando na atualização do Estudo de Viabilidade Econômica e Financeira da operação urbana, e que “a conclusão dessa etapa possibilitará a definição de prazos e valores para o próximo leilão de Cepacs”.
Cinco dias após a decisão do tribunal, a Tecnisa divulgou ao mercado seu novo lançamento no Jardim das Perdizes, o Bosque Pitangueiras, com uma torre de 150 apartamentos, de dois a quatro dormitórios e que vão de 79 a 136 metros quadrados. O VGV desse projeto é de R$ 218 milhões.
A Tecnisa tem 57,5% de participação nos empreendimentos do Jardim das Perdizes, sendo o restante pertencentes à Hines.
Perez afirmou que a incorporadora deve lançar mais uma torre no início de novembro, a Reserva Figueiras, com VGV de R$ 260 milhões e unidades de quatro dormitórios.
Segundo o executivo, esses dois empreendimentos vão utilizar Cepacs antigos, que a Tecnisa ainda guardava. Em 2023, após o leilão, a incorporadora planeja lançar mais quatro ou cinco torres, “no mínimo”, afirma Perez.
O executivo espera que, com a retomada dos projetos no Jardim das Perdizes, a valorização da Tecnisa no mercado também suba. “Vamos começar a pegar um vento favorável”, diz.
Matéria publicada em 05/10/2022