O setor imobiliário se movimenta para trazer inovações tecnológicas que permitam desburocratização de processos e redução de custos para clientes. Para quem quer comprar um imóvel na zona sul do Rio, já é possível utilizar uma plataforma totalmente digital em que só há contato com um corretor no momento da visita ao apartamento e na assinatura da escritura. Para proprietários que pretendem alugar um imóvel, um site permite que toda a gestão seja feita pelo dono, sem a necessidade de envolver corretores no processo.
Desde o fim do ano passado, a URB9 oferece na internet imóveis para compra na zona sul carioca, área mais disputada da cidade. Criada pela imobiliária Nova Aliança, a plataforma recebeu investimento de R$ 1,5 milhão, levou menos de um ano para entrar em operação e superou 4 mil visitas - para efeito de comparação o site da Nova Aliança, corretora com 25 anos de atuação no Rio, registrava no fim do ano 3 mil visitas.
Ao utilizar o site da URB9, comprador e vendedor podem combinar diretamente os preços e os corretores só atuam no processo quando chamados, como no caso das visitas aos imóveis. Ao iniciar uma negociação, as partes são informadas sobre todos os documentos necessários e os custos. “Sempre fui insatisfeito com esse processo do mercado. O corretor sempre reclamando da pós-negociação e o cliente sempre reclamando do pós-venda, dizendo que o corretor recebe a comissão e depois não liga mais”, diz Johnny Guedes, dono da Nova Aliança, explicando o que o motivou a investir na URB9. “Tem que ser diferente, tem que ser melhor que isso.”
O responsável pelo projeto, Leandro Bulkool, ressalta que, uma vez na plataforma, os dados pessoais das partes ficam restritos aos responsáveis pela URB9 e frisa que praticamente todo o processo pode ser feito pela plataforma. “Dar autonomia aos clientes é muito importante. Desde o começo, já se sabe quais são os documentos, preços e prazos, como fazer e, se o cliente quiser, podemos fazer por ele”, diz Bulkool, lembrando que há no site ferramentas que permitem, inclusive, a validação e publicação de documentos.
Guedes destaca ainda que há a vantagem da redução de custos para as partes envolvidas. Segundo ele, enquanto a taxa média do mercado gira em torno de 5% a 6% do valor do imóvel, a URB9 cobra 3% do valor final da venda.
Agora, o presidente da empresa pensa nos próximos passos para alavancar o negócio, que nasceu como empresa apartada da Nova Aliança. Guedes revela que já sonda dois possíveis investidores que entrariam na sociedade para dar a musculatura financeira necessária para futuras expansões. Na mira, primeiro está a ampliação da área de atuação para além da zona sul, notadamente a zona oeste, a de maior crescimento na capital fluminense. Depois, diz, “começará a pensar” em mercados como São Paulo e Belo Horizonte.
A Apsa, administradora de imóveis do Rio com mais de 80 anos de atuação, desenvolveu dois produtos para facilitar a relação entre locatário e locador. Desde 2017, a companhia investiu R$ 20 milhões em tecnologia. Em outubro foi lançado o Click Alugue, plataforma que já tem 200 clientes cadastrados e permite a gestão independente de um contrato de aluguel.
“O inquilino que acessar o portal vai contactar diretamente o proprietário, que vai ter todas as funcionalidades na plataforma para fazer a locação sem precisar de imobiliária”, diz Fernando Schneider, diretor-superintendente da Apsa, cujo grupo inclui uma corretora de seguros, um escritório de advocacia e fatura anualmente cerca de R$ 120 milhões.
O sistema dá notas aos inquilinos de acordo com histórico e capacidade de pagamento e o contrato é emitido na própria plataforma, assim como os boletos de pagamento. A Apsa se remunera com planos de anúncio de imóveis na plataforma, de pacotes para administradoras e pequenos escritórios que gerenciam unidades alugadas pela plataforma, além da cobrança de um percentual sobre aluguéis pagos - o pacote básico, mais usado por quem tem apenas um imóvel, tem custo de 0,5% sobre o valor do aluguel mensal.
A Apsa tem 80% da Click Alugue, que está em processo de separação da empresa-mãe. Os outros 20% pertencem a um sócio pessoa física que não teve o nome revelado.