A Tellus, gestora criada em 2008 a partir da incorporadora SDI, fechou a captação de um fundo de private equity de R$ 718 milhões para desenvolver empreendimentos residenciais de alto padrão, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
A empresa, que pretende fazer de 12 a 14 edifícios, já adquiriu os cinco primeiros terrenos na capital paulista. Três estão no Itaim Bibi, um nos Jardins e o último em Moema. De acordo com André Abreu Pereira, diretor-executivo do negócio, também há interesse em terrenos nos bairros de Pinheiros e Vila Nova Conceição.
O investimento no Rio ainda não está fechado, mas também deve ocorrer em localidades valorizadas. “Nossa percepção do Rio é que ele ficou pouco explorado nos últimos três anos”, diz Pereira.
Esse é o sexto fundo de private equity da gestora, que só trabalha com ativos de tijolo.
A Tellus costuma ter a SDI como parceira em seus projetos, mas Pereira afirma que não há exclusividade nas operações. “Estamos falando com mais de cinco parceiros para alocar esse capital”, diz. Segundo ele, os R$ 718 milhões captados devem ser alavancados para algo em torno de R$ 1,1 bilhão.
Por ter origem em uma incorporadora, a gestora tem a característica de ser mais “mão na massa” nos empreendimentos. O executivo ressalta que, normalmente, gestores esperam as incorporadoras trazerem os projetos, mas o fluxo na Tellus é inverso. “Nós determinamos as áreas em que comprar, e [dizemos] ‘você vai incorporar pra mim’”, afirma. É comum também que a gestora interfira nos projetos dos incorporadores parceiros. “Às vezes eles não gostam”, diz.
O mercado de prédios de alto padrão é concorrido em São Paulo, então a Tellus afirma se diferenciar pela preocupação arquitetônica e o desejo de agregar algo à cidade. A empresa lançou em maio, em parceria com a SDI, o empreendimento JK Square, com hotel, escritórios e residencial, um investimento de R$ 550 milhões. No local, vai transformar uma rua estreita em calçadão para pedestres e criar um bosque, com acesso aberto.
Além da arquitetura, há pesquisa para entender a melhor hora de lançar e o que agregar aos imóveis. “Estudamos muito os concorrentes para não ser mais do mesmo”, diz Ana Beatriz Verri, diretora de captação e relações com investidores. Ela conta que já foram questionados sobre a viabilidade de lançar residenciais no momento, e ressalta que o objetivo é fazer isso apenas entre 2023 e 2024. “As coisas vão ter se acalmado”, afirma.
A gestora tem R$ 4,2 bilhões sob gestão, e quer alcançar R$ 6 bilhões até o final do ano
Matéria publicada em 06/07/2022