A Tenda anunciou, ontem, o passo mais importante de seu projeto “off-site”, ou seja, de construção industrializada. A terceira maior incorporadora do país irá montar fábrica de “wood frame” - painéis com estrutura de madeira - em município não divulgado, no interior do Estado de São Paulo, com capacidade de erguer 10 mil casas por ano a partir de 2026.
Segundo o presidente da companhia, Rodrigo Osmo, não há nada parecido na América Latina. A linha de produção da fábrica terá 215 metros. Os equipamentos serão trazidos da sueca Randek em 15 contêineres.
A Tenda estima investimentos de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões até estabilizar a operação da planta industrial. A construção industrializada consumirá 3% da receita líquida anual da incorporadora nos próximos quatro anos.
Por enquanto, no Brasil, apenas a paranaense Tecverde produz painéis com estrutura de madeira que utiliza para montagem de casas.
“Estamos estudando esse modelo de negócio há três anos e acreditamos que vamos levar mais seis anos para chegar à escala buscada”, disse Osmo, durante o Tenda Day. O formato “off-site”, anunciado há um ano, abrange produção fora dos canteiros de obra, deixando apenas a montagem e o acabamento dos empreendimentos para serem feitos nos terrenos.
A Tenda já havia divulgado também que continuaria a crescer de 10% a 15% ao ano, no máximo por cinco anos, se utilizasse somente o modelo construtivo tradicional. Para se expandir nesse patamar por mais tempo, a incorporadora considera que precisa contar com sistema de construção industrializada, que permite escala em cidades de médio porte e não só nas grandes. No modelo atual, a Tenda atua apenas em regiões metropolitanas.
Osmo ressaltou que, com o novo modelo, a Tenda utilizará tecnologia de alto padrão para habitações populares.
Foi criada uma empresa com equipe própria para atuação no modelo “off-site”. “É necessário que a nova empresa pense como ‘startup’. A Tenda faz 18 mil unidades, e a empresa ‘off-site’ está começando”, disse o executivo. Marcelo Willer, ex-presidente da Alphaville Urbanismo, se associou à nova empresa como investidor estratégico, com possibilidade de participar de até 10% dos aumentos de capital que vierem ocorrer.
Não há intenção de cindir da Tenda, no curto prazo, a empresa de construção industrializada, segundo Osmo. Futuramente, se não houver mais sinergias entre as duas, poderá haver separação ou mesmo venda da empresa. A partir de 2026, quando se espera que a produção de “wood frame” esteja a todo vapor, a incorporadora poderá optar por mais uma fábrica para atender ao modelo.
Atualmente, a Tenda tem cerca de 10% de participação nas regiões metropolitanas. Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Renan Sanches, há intenção de elevar a fatia para 20% em cinco anos.
Sanches afirmou que a companhia precisa aumentar sua competitividade na cidade de São Paulo. É necessário, de acordo com o diretor de relações com investidores, aproveitar melhor os terrenos no maior mercado imobiliário do país. “O próximo passo será trazer mais flexibilidade para o nosso produto”, disse. A companhia está buscando reduções de custo.
A Tenda avalia que preço médio de venda de seus produtos pode aumentar com a maior presença que busca em São Paulo. Na capital paulista, o preço médio dos imóveis da incorporadora é de R$ 161 mil, acima das outras regiões metropolitanas de sua atuação. Há limites para os preços dos imóveis a serem incluídos no programa habitacional, conforme a região de atuação.