A Alea - startup da Tenda com foco em construção industrializada -, inaugura, nesta terça-feira, sua fábrica de casas com estruturas de madeira (“woodframe”), em Jaguariúna (SP). A unidade tem capacidade para produção de 10 mil casas por ano, patamar que se pretende atingir em 2026. Os investimentos na Alea já realizados somam R$ 100 milhões, e há expectativa que o desembolso fique entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões, segundo o presidente da Tenda, Rodrigo Osmo.
“Há uma oportunidade gigantesca para a Alea. Setenta por cento da demanda brasileira em habitação é por casas, mas quase todas as incorporadoras têm foco em prédios”, diz Osmo.
O modelo de construção industrializada permitirá que a Tenda atue de forma competitiva em regiões com população a partir de 30 mil habitantes. Segundo o executivo, cada projeto será rentável tendo a quantidade mínima de 100 casas. Por meio de sistemas tradicionais de construção, a Tenda atua em regiões metropolitanas.
A produção das estruturas de madeira para cada casa leva 36 minutos, e a montagem de cada unidade, no canteiro de obras, tem duração de uma hora e meia. As unidades têm tamanho médio de 44 m2. Por enquanto, as estruturas de madeira são produzidas com instalações elétricas, mas não com a parte hidráulica. “Nossa ideia é que, futuramente, a casa toda seja finalizada na fábrica, incluindo a pintura”, conta Osmo.
Sem informar percentuais, o presidente da Tenda conta que, a partir de escala de produção maior, as casas de estrutura de madeira custam menos do que as de alvenaria e parede de concreto. “Queremos oferecer um produto com qualidade muito superior por preço equivalente ao de concorrentes”, diz Osmo. As casas da Alea serão destinadas a famílias com renda mensal mínima de dois salários mínimos e preço de venda superior a R$ 140 mil.
Questionado sobre a comparação das margens dos produtos da Alea com a das unidades produzidas pela Tenda no formato tradicional, o executivo disse que ainda é difícil saber, mas que o capital empregado na produção de imóveis pela “startup” é menor do que pela companhia.
Quatro projeto-pilotos da marca Alea foram lançados, nos municípios de Santa Bárbara d’Oeste, Mogi das Cruzes, Iperó e Leme. O próximo lançamento ocorrerá em Araraquara. No próximo ano, os empreendimentos apresentados ao mercado também terão formato piloto, para testagem do modelo de negócios. O “ramp-up” (aceleração da curva de produção) ocorrerá a partir de 2023.
Na primeira etapa, as casas serão montados apenas em cidades do interior paulista. Conforme a demanda e as vendas, a Alea poderá ter outra fábrica. Segundo Osmo, há competitividade para montagem das unidades em locais com distância de até 1.000 quilômetros da produção.
As estruturas de “woodframe” são fabricadas com madeira de reflorestamento fornecida por produtores da região Sul. O executivo estima que a pegada de carbono de uma casa da Alea seja 15 toneladas menor do que a de unidade com parede de concreto.
Na compra de terrenos, a “startup” da Tenda tem loteadores como concorrentes. Marcelo Willer, ex-presidente da Alphaville Urbanismo - principal referência entre as empresas de loteamento - e larga experiência no setor, é investidor estratégico da Alea, com 10% de participação. A Tenda possui os demais 90%. Osmo também já presidiu Alphaville.
A Tenda atua na faixa 2 do programa habitacional Casa Verde e Amarela. “No momento, está muito difícil atuar nos segmentos de entrada do programa, pois a rentabilidade é muito baixa”, diz Osmo.
No começo de 2022, as alterações de parâmetros de subsídios para o programa vão entrar em vigor, mas as mudanças são consideradas ainda “muito tímidas” pelo executivo.
“Há expectativa que o governo anuncie alterações importantes na curva de subsídios”, conta o executivo.
A companhia continua tentando fazer aumentos de preços de seus imóveis, ponderando entre os valores e a velocidade de vendas das unidades. Segundo o presidente, não há expectativa de novos estouros de custos, considerando-se que houve “acalmada” nas pressões dos insumos.
No terceiro trimestre, o resultado líquido da Tenda teve impacto negativo de R$ 50 milhões decorrentes de estouro de custos. Ao divulgar seu balanço, a companhia fez novo corte na projeção da margem bruta ajustada deste ano e passou a estimar faixa de 26% a 28%, ante o patamar projetado, em agosto, de 28% a 30%. A primeira meta para o indicador ficava entre 30% e 32%. “No médio prazo, voltaremos a ter margens saudáveis.”