A incorporadora de imóveis, Tenda, informou nesta terça-feira (20), em evento com investidores, que projeta vendas líquidas entre R$ 2,7 bilhões e R$ 3 bilhões e margem bruta ajustada entre 24% e 26% no próximo ano. Para a empresa, especializada em habitação econômica, 2023 será o momento de fazer sua “travessia financeira”, como disse o diretor de operações Renan Branches.
A companhia enxerga um cenário positivo em termos de custo de materiais e de demanda, com a possível atenção maior do novo governo às faixas mais baixas do programa habitacional.
Por outro lado, a Tenda carrega empreendimentos que foram vendidos abaixo do preço necessário, até o ano passado, e que afetam as margens. “A combinação de alta inflação com baixa visibilidade trouxe tomadas de decisão mais lentas do que gostaríamos”, disse Branches.
Para o executivo, 2023 ainda será um ano de estabilização de margens e de geração de caixa, com melhora prevista para 2024.
O diretor-financeiro da incorporadora, Luiz Maurício Garcia, detalhou que no próximo ano 36% da receita ainda virá de projetos anteriores à 2022, com margens piores. Em 2024, esse percentual deve cair para 2%.
Segundo ele, a Tenda pode voltar a ter geração de caixa operacional a partir do terceiro trimestre do próximo ano.
A companhia está otimista sobre os planos do novo governo para a volta do Minha Casa, Minha Vida. Um retorno das faixas 1 e 1,5 é visto com bons olhos pelos executivo, por terem o menor preço médio da unidade entre as grandes incorporadoras do setor, de R$ 195 mil nos primeiros nove meses de 2022.
“Faixa 1,5 é o produto que já fazemos, não tem mudança de foco empresarial, o que mitiga o risco caso o segmento deixe de existir depois, como aconteceu no passado”, disse Garcia.
Branches afirmou que a empresa só deve atuar na faixa 1 se ela tiver um “desenho absolutamente favorável”, mas o presidente Rodrigo Osmo ressaltou que “se alguém pode ganhar dinheiro com isso”, é a Tenda.
A Alea, marca de casas populares e loteamentos da Tenda, fechou 2022 com apenas cerca de 400 unidades produzidas, número que, para Osmo, não é motivo de orgulho. O executivo afirmou que a fábrica da Alea já tem capacidade para produzir 3 mil casas por ano.
A marca faz residências térreas com uso de madeira, em sistema industrializado. “Acreditamos que vamos conseguir operar em ordem de grandeza três ou quatro vezes maior em 2023”, disse.
A companhia tem hoje banco de terrenos para 6 mil unidades.
Para aumentar a atuação da Alea, a marca diminuiu de 100 mil para 20 mil o mínimo de habitantes que torna uma cidade viável aos loteamentos.
As ações da Tenda fecharam a terça-feira em alta de 10,1% na B3, cotadas a R$ 4,44.
Matéria publicada em 21/12/2022