Dentre os títulos bancários disponíveis no mercado hoje, as quatro principais opções para os investidores individuais são: os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e as Letras de Câmbio (LCs).
Todos eles são títulos que bancos – ou financeiras, no caso das LCs – emitem para se capitalizar. Os títulos são vendidos a investidores para que os bancos captem dinheiro para realizar suas operações de crédito. Assim, de um lado eles pagam ao investidor uma taxa para ele aplique seu dinheiro e na outra eles cobram taxas dos tomadores na concessão dos empréstimos.
E naturalmente, a taxa do empréstimo que você toma no banco é maior do que a taxa que o banco te paga quando você investe. É assim que eles obtêm seus lucros.
A diferença entre os títulos é que os CDBs e as LCs podem ser emitidos sem que haja um lastro, ou seja, uma garantia por trás do título emitido - sendo que o que diferencia os CDBs das LCs é que as LCs são emitidas por financeiras e os CDBs por bancos.
Já as LCIs e LCAs precisam ter lastro, ou seja, para que esses títulos sejam emitidos, o banco precisa ter operações de crédito - voltadas ao setor imobiliário no primeiro caso e ao agronegócio no segundo – em valores correspondentes aos dos títulos emitidos.
Além disso, as LCIs e LCAs são isentas de Imposto de Renda, enquanto os CDBs e LCs não.
Os bancos podem, portanto, emitir diferentes tipos de títulos e com taxas diversas, de acordo com o que eles precisam naquele momento.
Quanto maior for a necessidade de se capitalizar, maior será a taxa oferecida pelo banco para atrair os investidores.
É aí que está a vantagem desses títulos bancários: eles podem oferecer taxas maiores do que aquelas oferecidas pelo Tesouro Direto e pelos bancos grandes, como a Caixa, o Bradesco, Itaú, etc.
A lógica por trás disso é a seguinte: enquanto os bancos grandes e o governo, emissor dos títulos públicos, possuem baixo risco de quebra, os títulos emitidos por bancos médios e financeiras apresentam mais riscos, assim, eles oferecem remunerações maiores para convencer o investidor a deixar seu dinheiro com eles.
E por mais que bancos menores sejam mais arriscados, os quatro títulos bancários aqui citados contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que, em caso de quebra da instituição, reembolsa aos seus investidores suas perdas até o limite de 250 mil reais.
Sendo assim, os títulos bancários aparecem como uma alternativa de investimento para quem busca aplicações de renda fixa, cuja forma de remuneração já é conhecida no momento da compra, mas quer rentabilidades maiores que aquelas oferecidas pela poupança, pelos grandes bancos e pelo Tesouro Direto.
De todo modo, vale ressaltar que nenhum investimento é 100% seguro, portanto, é sempre importante diversificar. Uma estratégia interessante, portanto, pode ser investir parte dos recursos no Tesouro Direto, que é mais seguro, e apenas parte em títulos de bancos médios, que apesar de oferecerem taxas mais atraentes em muitos casos, têm risco maior.
Mesmo que o FGC ofereça garantia sobre esses títulos, também é importante mencionar que em uma eventual quebra do banco, o reembolso pode demorar a ser pago. Assim, por mais vantajoso que seja o investimento e por mais que você aplique menos de 250 mil reais, é importante considerar todos os riscos envolvidos.
Comparação - Para mostrar as condições de compra, os investimentos mínimos exigidos, as taxas pagas e os prazos dos títulos bancários disponíveis no mercado hoje, EXAME.com solicitou a quatro instituições - Ativa, Modalmais, Órama e XP Investimentos - as condições de seus CDBs, LCIs, LCAs e LCs.
Como essas corretoras oferecem produtos não apenas de um banco, mas de vários, o levantamento permite visualizar, de modo geral, quais instituições estão oferecendo taxas mais atraentes e quais delas de fato superam o Tesouro Direto, a poupança e os bancos grandes. Confira a seguir.
Ativa - Os títulos oferecidos pela Ativa exigem investimento mínimo de 10 mil reais. No caso dos CDBs, a maioria tem remuneração pós-fixada e atrelada à taxa DI (taxa que fica muito próxima Selic e também costuma ser chamada apenas de CDI), o que significa que eles pagam um percentual sobre a variação dessa taxa.
Em sua prateleira, a Ativa possui CDBs que pagam entre 79% e 118% do CDI. Os prazos também variam bastante, alguns permitem resgate diário e outros podem ser resgatados apenas depois de três anos. A corretora também tem CDBs prefixados, que pagam taxas de 17,37% ao ano.
A título de comparação, o título público Tesouro Selic, vendido pelo Tesouro Direto, paga sempre 100% da taxa Selic, que fica muito próxima ao CDI e, dentre os títulos.
Tesouro Prefixado disponíveis para compra hoje, a taxa máxima paga é de 16,72% ao ano (taxa válida para um título que vence em 2021). A poupança, por sua vez, rende hoje cerca de 8% ao ano, o que corresponde a apenas 56% do CDI (considerando um CDI equivalente à taxa Selic, que está nos 14,25% ao ano).
Já as LCAs pagam entre 86% e 98% do CDI, ou, no caso das prefixadas, 15,75% ao ano, lembrando que as LCAs não têm desconto de IR. E as taxas das LCs variam entre 112% e 116% do CDI, no caso das pós-fixadas, e entre 17,17% a 18,72% no caso das prefixadas.
Órama - Os títulos bancários oferecidos pela Órama exigem investimento mínimo de 5 mil reais. Os prazos partem de um ano e chegam a até três anos.
No caso dos CDBs, as taxas variam entre 114% e 120% do CDI. Já as LCS pagam entre 114% e 118% do CDI. As LCIs e LCAs, que são isentas de Imposto de Renda, pagam taxas entre 96,50% e 101% do CDI.
Os CDBs da XP Investimentos exigem aportes mínimos de 10 mil reais no caso dos títulos que não possuem liquidez (títulos que não podem ser resgatados a qualquer momento, apenas no vencimento) e de 30 mil reais no caso dos títulos que possuem liquidez.
As taxas dos CDBs variam entre 100,5% e 116% do CDI, sendo que alguns oferecem liquidez diária e outros chegam a ter prazos de até três anos. Dentre as LCIs e LCAs, as taxas variam entre 88% e 100,5% do CDI e os prazos partem de seis meses e vão até dois anos.A corretora também oferece em sua prateleira uma LC, que paga uma taxa de 114% do CDI.
Todas as LCIs, LCAs e LCs possuem investimento mínimo de 30 mil reais.