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07/01/2020

Tokio Marine e Caixa viram sócias em nova empresa

Grupo japonês pagará R$ 1,52 bi para comercializar seguros residencial e habitacional pelo canal bancário

A parceria entre a Caixa Seguridade e a Tokio Marine para a comercialização de seguros residencial e habitacional pelo canal bancário da Caixa é a primeira de uma série de outras que devem ser anunciadas ainda neste mês, afirmou ao Valor o presidente do banco, Pedro Guimarães.

A instituição brasileira e a filial da seguradora japonesa celebraram ontem um acordo que prevê a criação de uma nova companhia para distribuir produtos de seguros ligados ao mercado imobiliário na rede do banco estatal, composta por agências, lotéricas e correspondentes. O acerto vai valer por 20 anos a contar de 2021.

Para ter a exclusividade, a Tokio Marine vai desembolsar R$ 1,52 bilhão, cifra que será usada na subscrição do aumento de capital da nova empresa. O valor, porém, será repassado integralmente pela futura sociedade ao banco a título de pagamento pela outorga de exploração dos canais da instituição.

Apesar da menor participação acionária, a Tokio Marine terá controle da sociedade, pois deterá 50,01% das ações ordinárias (ON, com direito a voto), ou seja, metade mais uma. A Caixa ficará com 49,99% das ONs e 100% das preferenciais (PN), conforme as condições definidas pela instituição em maio do ano passado, quando divulgou o novo plano para seu negócio de seguridade.

Dentro da proposta de reestruturação das operações de seguros, previdência, consórcios e capitalização, o banco ainda busca parceiros para os ramos de capitalização, consórcio, auto, grandes riscos e massificados corporate, saúde e odonto, além de serviços assistenciais. 

A Caixa ainda tem um acordo em vigor com a CNP Assurance para a exploração dos canais bancários em todos os segmentos, válido até 2021. Segundo Guimarães, o acerto, porém, não proporciona a maior eficiência e potencial de crescimento. “Por melhor que seja, nenhuma seguradora no mundo consegue ser excelente em todos os ramos”, disse.

Com essa ideia em mente e de olho na operação de abertura de capital da Caixa Seguridade, o banco lançou em maio do ano passado um processo para reformular a parceria de exploração do canal de distribuição bancário, aproveitando o fim do acordo com a CNP que deixa de valer no próximo ano. No plano proposto, a Caixa Seguridade vai selecionar novos sócios e parceiros para todos os segmentos.

A própria CNP firmou um novo acordo no qual ficou com a exclusividade de comercialização de seguros de vida e prestamista e produtos de previdência no canal da Caixa. O acerto ocorreu em setembro de 2019 e foi o primeiro dentro do plano de reestruturação do braço de seguridade.

No novo desenho, a francesa concordou em pagar R$ 7,8 bilhões por uma participação de 40% na sociedade com a Caixa, para explorar o balcão do banco brasileiro por 25 anos, até 2046.

Além dos arrematados pela CNP, a Caixa criou mais oito lotes - incluindo os dois levados pela Tokio Marine. Na maioria dos casos, o parceiro terá o controle, com 50% mais uma das ações ordinárias, enquanto a Caixa ficará com 100% das preferenciais, como no acordo com a Tokio.

Entre os ramos ainda em negociação, apenas nos casos de saúde e odonto a instituição planeja formalizar a parceria por meio de acordo comercial. Nos outros segmentos, as propostas indicam a criação de uma “joint venture”.

De acordo com o presidente da Caixa, a carteira de seguros residencial e habitacional já existente permanece com a CNP. A nova sociedade com a Tokio assume os negócios originados a partir de 2021.

Guimarães ressaltou que apenas as outorgas fechadas com a CNP e a Tokio geraram uma receita de R$ 9,3 bilhões. “Certamente esperamos um valor muito forte nas demais parcerias”, afirmou, sem citar uma estimativa.

Conforme o presidente da Caixa, quando as parcerias forem concluídas, a nova estrutura vai aumentar o “valuation” da Caixa Seguridade na abertura de capital. “O processo traz para cada uma dessas joint ventures, uma característica de empresa privada, pois o sócios tem o controle com 50% mais uma das ações ONs”, disse. Segundo Guimarães, com as parcerias, a expectativa do banco é aumentar as receitas em todas as linhas. Além disso, com a entrada de sócios privados, “é possível reduzir uma série de ineficiências”.

A reestruturação é uma aposta para viabilizar a abertura de capital da Caixa Seguridade. Na primeira tentativa, em 2015, o banco sondou o mercado, mas não levou adiante porque o valor potencial do negócio estava abaixo do esperado. De acordo com o presidente do banco, “será o primeiro IPO do atual governo”. A previsão é que a operação ocorra ainda neste ano.

Conforme o executivo, o valor das outorgas, provavelmente, será lançado no balanço da Caixa deste ano. “Mas podem entrar no primeiro mês de 2021, isso será uma discussão que a gente está fazendo, mas provavelmente em 2020.”

O CEO da Tokio Marine Brasil, José Adalberto Ferrara, explicou que a matriz abraçou a ideia de joint venture com a Caixa desde o início. “Há seis meses, quando comentei que existia essa possibilidade, nosso CEO global demonstrou uma grande receptividade.” Segundo Ferrara, o Brasil é uma das prioridades de investimento para a seguradora. “O país já representa mais da metade do resultado 

FONTE: VALOR ECONôMICO