Os lançamentos de imóveis foram 3,7% maiores neste primeiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2020, aponta levantamento da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil). Já na comparação com o quarto trimestre, tradicionalmente o período mais aquecido do setor, há uma queda de 58%.
De acordo com a entidade, isso é resultado da alta nos preços dos materiais para as obras, que chegou a quase 24% no acumulado dos últimos 12 meses, em abril. Esse aumento deixa as construtoras receosas de lançarem unidades por um preço que não vai pagar a construção.
O efeito é maior sobre os imóveis do Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa, Minha Vida), já que o teto de preço exigido pelo programa e a renda mais limitada do seu público impedem grandes reajustes.
O indicador de confiança do setor imobiliário residencial, feito pela consultoria Deloitte em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias) com construtoras de todo o país, indica uma manutenção no nível de procura por imóveis no primeiro trimestre do ano, após um aumento nos últimos três meses de 2020.
"Com a taxa Selic a 3,5% e a inflação em 6,7%, você tem juro real negativo. Seu dinheiro está rendendo menos do que a inflação, e o que você faz com ele? Uma das grandes opções é comprar casa", diz Luiz França, presidente da entidade.
Em São Paulo, a fase emergencial da pandemia proibiu o funcionamento dos plantões de venda, o que atrapalhou o segmento entre meados de março e abril. Mesmo assim, a experiência das construtoras têm sido positiva.
De acordo com a plataforma Apto, que só trabalha com compra e venda de imóveis novos, entre janeiro e abril deste ano houve 56% mais lançamentos na cidade do que no mesmo período de 2020.
No ano passado, a MAC tinha planos de lançar quatro empreendimentos, mas reduziu para dois. Para 2021, a construtora programa ao menos cinco projetos.
Três deles já foram lançados: um prédio com estúdios e plantas de um e dois dormitórios na Saúde e dois empreendimentos na Chácara Santo Antônio, um apenas de estúdios e outro de alto padrão, com unidades de 120 m².
Estão previstos ainda um empreendimento de estúdios e unidades de um e dois quartos na República, no centro da cidade, e outro de alto padrão na zona sul.
A empresa avaliou que havia uma demanda por unidades maiores e também por compactos bem localizados. "Mudamos nossa ideia [para 2021] por causa do perfil que percebemos no mercado. Quando vimos que apartamentos de mais de R$ 2 milhões na Vila Mariana estavam vendendo tudo, e estúdios também, começamos a nos perguntar por quê", diz Ricardo Pajero, gerente comercial da MAC.
Para ele, isso se deve às mudanças na rotina provocadas pela pandemia: ao ficar mais tempo em casa, as pessoas perceberam que precisavam de mais espaço para suas atividades, e também que faz diferença morar em uma região que ofereça serviços e lazer próximos da moradia.
Reconhecida pelos imóveis compactos, a Vitacon tem 11 lançamentos programados para 2021, que representam R$ 1,1 bilhão em mercadoria, alta de 30% sobre 2020.
De acordo com o diretor-executivo da empresa, Ariel Frankel, o fechamento dos estandes na fase emergencial não foi um grande problema. A Vitacon tem vendas concentradas em investidores e clientes em 38 países. "Atrapalha, sem dúvida, mas talvez menos por causa do nosso modelo de negócio. Estamos com o pé embaixo, o mercado continua com boa demanda", afirma.
A Trisul também espera lançar 11 novos empreendimentos neste ano, com VGV (valor geral de vendas) de mais de R$ 2 bilhões, o dobro do registrado em 2020, quando houve sete lançamentos.
A concretização dessa meta, porém, depende do bom andamento da vacinação para a Covid-19, que preveniria novas ondas fortes da doença.
"Se a vacina andar, a economia anda e o mercado imobiliário também", afirma Cyro Naufel, diretor institucional da imobiliária Lopes. A empresa viu as vendas de lançamentos crescerem 48% no primeiro trimestre de 2021, em comparação com 2020. Voltar ao índice