A Trisul tem capacidade para lançar entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões por ano, mas o Valor Geral de Vendas (VGV) a ser apresentado, em 2017, vai depender do mercado, segundo o presidente da companhia, Jorge Cury. Por enquanto, o VGV lançado neste ano chega a R$ 474 milhões, mas o valor poderá chegar a R$ 540 milhões caso a liberação de um projeto ocorra a tempo.
Em 2015, a Trisul atingiu lançamentos de R$ 241 milhões e, no anterior, R$ 237 milhões. A empresa almeja alcançar os patamares anteriores a 2011, quando reduziu seu tamanho. Em 2010, seu VGV somou R$ 808 milhões.
De acordo com Cury, o novo ciclo imobiliário da Trisul já começou, e o início da expansão do volume sinaliza essa nova etapa.
No curto prazo, a Trisul só fará lançamentos nos segmentos econômico e de alto padrão. "O ano de 2017 será, novamente, de extremos", afirmou Cury. Para os próximos anos, a intenção é que 75% dos projetos sejam direcionados para a alta renda, menos dependente de crédito, e 25% para o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, financiado, principalmente, com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Dos seis lançamentos feitos pela Trisul neste ano, três tinham unidades com preço médio de R$ 1 milhão, um possui valor médio por imóvel de R$ 600 mil e os outros dois são enquadrados no Minha Casa, Minha Vida. Nos segmento de médio-alto e alto padrão, os projetos têm unidades de dois e três quartos e ficam próximos a estações de metrô de São Paulo. Cury diz esperar que os preços de imóveis de alto padrão tenham elevação no próximo ano.
Na avaliação do empresário, o mercado vai operar, em 2017, nos mesmos patamares deste ano. "Talvez, politicamente, o país esteja mais estável, mas a economia continuará estagnada. Espero que o mercado imobiliário volte a crescer em 2018", disse", afirma o empresário.
Cury ressalta que o setor precisa resolver a questão dos cancelamentos de vendas. Ele avalia que os distratos voluntários e os decorrentes da não obtenção de crédito pelo comprador ou de perda de emprego devem ser tratados de maneira distinta.
O executivo diz que a incorporadora tem menos cancelamentos de vendas do que a média do setor por causa da localização dos produtos e das "concessões feitas para manter o cliente". Entre as estratégias, estão descontos e migração para unidades de menor valor.
Em um cenário de menos entregas previstas para 2017 do que neste ano, a Trisul espera que seu volume absoluto de distratos seja reduzido. Por outro lado, a diminuição das entregas vai resultar em menor geração de caixa na comparação com 2016, quando o indicador ficará entre R$ 160 milhões e R$ 170 milhões.
A Trisul pode alcançar condição de caixa líquido em 2018. No próximo ano, a alavancagem medida por dívida líquida sobre patrimônio líquido deve ficar entre 20% e 25%, ante 35% no encerramento do terceiro trimestre.
Neste ano, a Trisul espera ter lucro líquido, mas próximo do zero, de acordo com Cury. "É um pecado nos esforçarmos e não conseguirmos distribuir dividendos para os acionistas", diz o presidente da incorporadora. Para 2017, a expectativa é que o lucro seja maior do que o deste ano.
No setor, a receita é contabilizada conforme o avanço das obras. A Trisul, que chegou a ter 50 canteiros de obras, possui apenas 12 atualmente, o que afeta a composição da receita e o lucro da companhia. Os resultados são afetados também pelos distratos, que resultam em reversão de margens de cada unidade cuja venda é rescindida. Cury diz esperar manutenção das margens em 2017