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07/11/2024

Variação de aluguel é a mais baixa do ano, mas não indica tendência de queda, aponta FGV (Valor Econômico)

O indicador caiu 0,89% em outubro, a menor taxa desde dezembro de 2023 (1,16%), e abaixo da de setembro (0,33%)

Por Alessandra Saraiva 

A variação do preço do aluguel, apurada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou em outubro o mais baixo patamar do ano, mas pode voltar a subir. A análise partiu do economista da fundação Matheus Dias ao falar sobre o Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (Ivar), anunciado nesta quarta-feira (6) pela FGV. O indicador caiu 0,89% em outubro, a menor taxa desde dezembro de 2023 (1,16%), e abaixo da de setembro (0,33%). Para o técnico, o recuo representa mais um “ajuste” do indicador, que passou por frequentes altas esse ano, e não o começo de uma tendência de queda na variação do aluguel. 

De setembro para outubro, a FGV apurou quedas em três das quatro capitais usadas para cálculo do Ivar. No Rio de Janeiro o índice passou de 0,56% em setembro para -3,18% em outubro. Em Porto Alegre a variação foi de 2,05% em setembro para -1,41% em outubro. Em São Paulo o Ivar passou de -0,49% em setembro para -1,13% em outubro. Em contrapartida, em Belo Horizonte a variação do preço do aluguel passou de -0,45% em setembro para 3,28% em outubro. 

Ao comentar sobre a evolução do indicador, o especialista ponderou ser melhor analisar a taxa em 12 meses do índice, para avaliar possíveis tendências. De setembro para a outubro, o acumulado em 12 meses do Ivar diminuiu de 12,29% para 9,32%. “Mas, mesmo com a diminuição, o indicador em 12 meses é muito mais elevado do que os principais indicadores inflacionários”, notou. 

O técnico lembrou que o mercado imobiliário obedece a uma lógica própria, e que é fortemente influenciada por patamar de juros de mercado. Isso porque, quando os juros estão altos, o interesse por comprar imóvel próprio cai, visto que a transação notadamente é via financiamento imobiliário e, assim, dependente de juros. Dias recordou o retorno do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central (BC), com volta de altas na taxa básica de juros (Selic) que norteia juros de mercado. Mesmo que se tenha defasagem de impacto, da Selic maior na economia real, o mercado imobiliário já posiciona juros de financiamento para cima, salientou. 

Assim, em ambiente de menor ímpeto por compra de imóvel, a demanda por aluguel cresce – o que eleva variação no preço da locação, ponderou. 

“Por isso é muito cedo para sabermos se isso é uma tendência de reversão de alta [no Ivar]. Não víamos uma queda desde julho no indicador [de -0,18%]”, disse. “O que tivemos [com a queda] é que os preços [do aluguel] estavam em patamar elevado e isso em um contexto de restrições orçamentárias [por parte do locatário]”, disse, a comentar que os senhorios precisam se alinhar, também, ao que o locatário pode pagar. A necessidade desse ajuste, comentou ele, influenciou a queda do Ivar na maioria das capitais, comentou. “Creio que houve foi o preço [do aluguel] se ajustando, para que se tenha negócios de locação”, disse.

(Matéria publicada em 06/11/2024)

FONTE: VALOR ECONôMICO