As vendas de cimento cresceram novamente, e o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic) elevou sua projeção para o fechamento do ano.
Em setembro, foram comercializadas 5,8 milhões de toneladas, alta de 10,4% sobre o mesmo mês de 2023.
Também há crescimento no acumulado do ano, em menor grau. Foram vendidas 48,7 milhões de toneladas de janeiro a setembro, aumento de 3,8%. Houve, ainda, expansão de 3,3% nas vendas acumuladas dos últimos 12 meses, em 64 milhões de toneladas.
No indicador de vendas por dia útil, o crescimento em setembro foi de 10,7%, para 257,3 mil toneladas, alta de 2,7% sobre agosto.
Em julho, a entidade havia reduzido a previsão de crescimento para este ano, de 2,4% para 1,4%, mas agora aposta em alta de 2,8%.
Paulo Camillo Penna, presidente do Snic, afirma que o principal indutor de vendas tem sido o programa federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que ganhou tração no último ano e tem demandado mais cimento do que o esperado pelo setor.
Já o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) tem deixado a desejar. Segundo Penna, a expectativa sobre o programa era grande, mas o desempenho não a satisfez. No passado, obras de infraestrutura já foram responsáveis por 25% da demanda por cimento, mas atualmente ficam com apenas 13%.
O Snic projeta terminar o ano com 64 milhões de toneladas de cimento vendidas, o que seria uma recuperação de 1,8 milhão de toneladas sobre as 2,3 milhões de toneladas perdidas entre 2022 e 2023, destaca o presidente. Com 32% de capacidade ociosa, o setor ainda precisa crescer para atingir os 73 milhões de toneladas vendidas em 2014, ano recorde.
Para 2025, é esperado um desempenho próximo ao atual no volume vendido, sem o crescimento percentual, por causa da base mais forte de 2024.
Como desafios para a produção, Penna cita mudanças climáticas, que atrapalham a logística na região Norte — houve 10% de queda nas vendas por ali, de agosto para setembro — e também encarecem a energia, que representa 20% do custo das cimenteiras. Safras piores no agronegócio também impactam as vendas de cimento no Centro-Oeste.
Há ainda uma preocupação comum a diversos setores: o crescimento do gasto com apostas virtuais, que compromete o orçamento familiar. Penna lembra que a parcela do orçamento destinada a reformas domiciliares já recuou de 6% nos anos 1990 para perto de 2% neste ano.