As vendas totais de cimento voltaram a crescer em fevereiro, na comparação anual, mas não foram suficientes para zerar o desempenho do setor, que continua negativo no acumulado do ano. Em fevereiro foram comercializadas 4,8 milhões de toneladas, crescimento de 1,9% sobre o mesmo mês de 2021, segundo dados divulgados na tarde desta terça-feira pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). No bimestre o acumulado está negativo em 3,5%, somando 9,4 milhões de toneladas. E as perspectiva não Por dias úteis, as vendas indicam quedas em todas as comparações. No mês passado foram comercializadas, em média, 225,7 mil toneladas de cimento por dia útil, retração de 3,4% na comparação anual. Foram 21 dias úteis em fevereiro deste ano contra 20 dias no mesmo mês de 2021. No acumulado do ano, a redução chega a 7,1%.
A queda acumulada no ano fica mais fácil de ser entendida quando se olham os números por região. O Sudeste, responsável por quase 45% do mercado nacional, acumula perda de 7,6% no consumo no bimestre. Também ficam no negativo o Nordeste (6,4%) e o Centro-Oeste (2,6%). As três regiões representam 77% do consumo interno. Os avanços nas regiões Norte (5,7%) e Sul (7%) não foram suficientes para compensar a diminuição de vendas no restante do país. As exportações do setor são historicamente pequenas e somam 87 mil toneladas em 2022.
No seu relatório mensal, o SNIC destaca tanto fatores positivos como negativos para o setor neste ano. A favor dos fabricantes estão as perspectivas de melhora no nível de emprego, a continuidade do auxílio do governo (que substituiu o Bolsa Família) e a redução dos casos de covid-19. Do outro lado da balança estão a alta da inflação e dos juros, as incertezas ficais e políticas e o custo de produção. E esse último lado parece mais pesado, pelo menos no entender da entidade.
“A forte pressão de preços das commodities está afetando o mundo. A situação se agrava em razão da guerra que afetará ainda mais o valor do petróleo, gás, carvão e coque no mercado global. A indústria nacional e do cimento, em particular, estão enfrentando aumentos ainda mais expressivos nos seus custos de produção”, destacou Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC, no relatório mensal.
O SNIC lembra ainda que existe um descasamento entre a confiança do consumidor e da indústria. Citando dados da Fundação Getulio Vargas, a entidade afirma que o consumidor está mais confiante, mas o empresário foi no caminho oposto em função do desaquecimento da economia. E a guerra surge como mais um complicador.
“Com o desdobramento da guerra é verificado um forte desarranjo e gargalos na logística global do transporte marítimo com aumento nos seguros, combustível das embarcações e no frete, pressionando os custos da indústria do cimento”, afirma, concluindo por um “agravamento” do desempenho do setor ao longo do ano.