A comercialização de cimento no Brasil atingiu 4,9 milhões de toneladas em março, queda de 10,6% na comparação com o mesmo mês de 2023. No primeiro trimestre foram vendidas 14,3% milhões de toneladas do material, recuo de 3,5% ante os primeiros três meses do ano passado. Os dados são do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).
As vendas por dia útil somaram 216,2 mil toneladas em março, queda de 0,5% na comparação anual e um recuo de 1,6% sobre fevereiro deste ano.
Paulo Camillo Penna, presidente do Snic, pondera que março teve 22,5 dias úteis em 2024, ante 25 dias úteis em 2023. Segundo ele, esse também foi um dos fatores que contribuiu para a queda de 10,6% na comercialização em termos absolutos.
No acumulado do trimestre, apenas as regiões Norte e Centro-Oeste apresentaram aumento no volume de cimento comercializado, de 6,3% e 2,4%. O Sudeste registrou a maior queda, de 5,6%, seguido pelo Nordeste, com 3,7% de recuo, e pela região Sul, que vendeu 2,6% menos.
Foram vendidas 61,3 milhões de toneladas de cimento nos últimos 12 meses, até março, uma queda de 2% ante o período anterior.
Alta na projeção para 2024
Mesmo com a queda nas vendas no primeiro trimestre, o Snic decidiu revisar para cima sua projeção de comercialização de cimento para o ano, passando de um crescimento de 2% para 2,5%.
Há indicadores positivos para o setor, segundo Penna, como recuperação da renda das famílias, que é um estímulo para a autoconstrução, mais investimentos em infraestrutura e uma recuperação dos projetos do Minha Casa, Minha Vida (MCMV), especialmente na faixa 1, “que tinha sido abandonada pelo governo passado e que tem se mostrado a mais interessante agora”.
É esperado um incremento maior nas vendas, suficiente para absorver a queda do primeiro trimestre e alcançar o aumento esperado para 2024, no segundo semestre.
Esse crescimento no ano significaria vender 1,5 milhão de toneladas a mais sobre 2023, chegando perto das 63 milhões de toneladas em 12 meses.
Ainda assim, seria 1,5 milhão de toneladas a menos do que o vendido em 2021, último ano antes do ciclo atual de queda nas vendas. Houve recuo de 2,8% em 2022 e de 1,7% em 2023.
As cimenteiras brasileiras trabalham hoje com 34,8% de capacidade ociosa, melhor do que os 45,4% de 2018, pior momento do setor, mas bem acima dos 18,3% do ponto mais positivo da história recente, em 2014 — e houve redução da capacidade total de produção de cimento do país, lembra Penna, de 100 milhões de toneladas ao ano em 2018 para os 94 milhões atuais.
“O que temos hoje em vendas é equivalente ao volume de junho de 2011”, afirma