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10/01/2024

Venda de cimento recua pelo segundo ano seguido no país e frustra setor (Valor Econômico)

Volume comercializado em 2023 é similar ao de 2011, o que Paulo Camillo Penna, presidente do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento, define como “frustrante”

As vendas de cimento no Brasil recuaram 1,7% em 2023, sobre o ano anterior. Foram vendidas 62 milhões de toneladas do material, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic).

 

É o segundo ano seguido de queda, após os 2,8% de 2022. A entidade havia começado 2023 com projeção de alta de 1% no volume de vendas, mas ao longo do ano modificou sua previsão para uma queda de 1% a 2%.

O volume comercializado em 2023 é similar ao registrado em 2011, o que Paulo Camillo Penna, presidente do Snic, define como “frustrante”. O pico de vendas no país ocorreu em 2014, com 71,9 milhões de toneladas.

 

“De 2004 a 2014, tivemos investimentos importantes em construção de novas fábricas”, afirma Penna. O índice de ociosidade da indústria cimenteira nacional está em 34%, segundo o presidente.

 

Em dezembro, houve alta de 0,3% na venda de cimento, sobre o mesmo mês de 2022, com 4,5 milhões de toneladas comercializadas. As vendas de cimento por dia útil ficaram em 199,9 mil toneladas, recuo de 16,2% sobre novembro, mas um crescimento de 7,5% ante dezembro de 2022.

 

Por regiões

 

A única região do país que apresentou aumento do volume de vendas no ano, ainda que leve, foi a Nordeste, com alta de 0,4%. A maior queda foi registrada no Sul, de 4,5%, seguido por Centro-Oeste (-3,2%), Norte (-2,1%) e Sudeste (-0,4%).

Penna afirma que o primeiro semestre foi marcado por quedas significativas no volume de vendas, o que impediu que o setor conseguisse um resultado positivo no ano.

 

Minha Casa, Minha Vida

 

O programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), por exemplo, só entrou plenamente em funcionamento a partir do segundo semestre, e houve redução de lançamento de novos empreendimentos para a classe média e alta, e do volume emprestado para crédito imobiliário. O setor imobiliário responde por mais de 50% da demanda por cimento no país.

O Snic destaca também o alto endividamento das famílias, a taxa de juros ainda elevada e a falta de crescimento real da renda do brasileiro como fatores que prejudicaram a venda de cimento.

 

A entidade projeta para 2024 um aumento de 2% no volume vendido, mas Penna ressalta que esse crescimento, sobre a base mais fraca do último ano, deve recuperar apenas um terço do volume perdido em vendas desde 2022.

A expectativa do setor é conseguir manter uma taxa positiva de crescimento nos próximos anos. As principais apostas estão em investimentos no setor de saneamento, na redução da taxa de juros e na continuidade do MCMV.

“De 2024 a 2026, vamos viver um período de recuperação da indústria do cimento”, diz Penna. 

FONTE: VA