O indicador Abrainc-Fipe, realizado pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, aponta para um recorde de venda de imóveis novos em 2023.
Foram vendidas 163,1 mil unidades, valor 24% maior do que o recorde anterior da série histórica, iniciada em 2014. Antes do ano passado, o maior volume de vendas havia ocorrido em 2021, com 131,6 mil unidades. O indicador reúne dados de 20 incorporadoras associadas à Abrainc.
As vendas em 2023 foram 32,6% maiores do que em 2022. Em valor vendido, o aumento foi de 34,7%, para R$ 47,9 bilhões.
O aumento foi puxado pelo segmento de baixa renda, do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), que cresceu 42,2% em volume comercializado, para 117,4 mil unidades, e 55,1% em valor vendido, de R$ 26 bilhões.
No segmento de médio e alto padrão, o aumento foi de 14% no volume comercializado, para 43 mil unidades, e de 18,9% no valor das vendas, para R$ 21,1 bilhões.
Na soma dos dois segmentos, houve queda nos lançamentos em 2023. O recuo foi de 2%, com 118 mil unidades lançadas. Já o valor lançado subiu 10,1%, para R$ 38 bilhões.
O setor de média e alta renda teve o pior desempenho, com queda de 38% no volume lançado (24,5 mil unidades) e de 9,2% no valor lançado, de R$ 16,7 bilhões.
Enquanto isso, o segmento do MCMV já apresentou recuperação, com alta de 16,7% no volume lançado (93,3 mil unidades) e de 39,3% no valor dos lançamentos, que somaram R$ 21,3 bilhões em 2023.
Luiz França, presidente da Abrainc, afirmou em entrevista coletiva nesta quarta-feira (13) que a expectativa é de aumento em lançamentos e em vendas em 2024, mas não quis precisar um percentual.
Para o segmento do MCMV, houve aumento de 7% no orçamento do FGTS para habitação social, de R$ 105 bilhões, e foram feitos estímulos para aumentar a capacidade de pagamento dos consumidores e também o valor das unidades. O ticket médio dos imóveis do programa subiu 19% em 2023, para R$ 228,4 mil.
Na média e alta renda, a perspectiva de queda continuada da taxa Selic é positiva. “Um cenário de Selic a um dígito significa aquecimento do mercado”, afirmou França, destacando que as vendas nesse segmento cresceram no ano, o que aponta para um mercado “comprador”.
Segundo ele, as incorporadoras reduziram lançamentos nesses padrões porque estão buscando o melhor momento para atingir preço e velocidade de venda adequada. “O mais importante é que as todas as empresas têm capacidade financeira de fazer esses lançamentos e banco de terrenos para isso”, disse.
O setor aguarda uma redução da taxa de financiamento imobiliário para ajudar a mobilizar mais as vendas de médio e alto padrão. Para França, já há possibilidade de redução.
A taxa de distrato no segmento de média e alta renda foi de 11,8% das vendas em 2023. É um patamar estável, ante os 11,6% de 2022. A associação não espera aumentos no indicador em 2024, por não ver condições econômicas para isso, dada a valorização dos imóveis e a maior dificuldade para cancelar os contratos, desde a Lei dos Distratos, de 2018. Em 2016, 58% das vendas de médio e alto padrão acabaram em distrato.
O movimento de lançamentos e vendas em 2023, captado pela Abrainc, difere dos volumes encontrados por outra entidade do setor, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic).
A pesquisa da Cbic é realizada em 220 cidades brasileiras e encontrou queda de 11,5% nos lançamentos, para 293 mil unidades, e de 1,4% nas vendas, para 322,8 mil unidades.
No MCMV, a Cbic apontou queda de 3,1% nos lançamentos, para 117,4 mil unidades, e de 17,6% nas vendas, para 115,2 mil unidades.
As duas entidades, porém, esperam melhora de desempenho em 2024. A Cbic projetou crescimento de 5% a 10% nas vendas e nos lançamentos no MCMV e alta de até 5% para o geral do mercado.